segunda-feira, 30 de março de 2015

ENTENDA A SEMANA SANTA

Domingo da Ressurreição

É o dia santo mais importante da religião cristã. Depois de morrer crucificado
o corpo de Jesus foi sepultado, ali permaneceu até a ressurreição, quando seu espírito 
e seu corpo foram reunificados. Do hebreu "Peseach", Páscoa significa a passagem 
da escravidão para a liberdade.

Sábado Santo

O Sábado Santo não é um dia vazio, em que "nada acontece". Nem uma duplicação 
da Sexta-feira Santa. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos
ao mais profundo que pode ir uma pessoa. O próprio Jesus está calado. Ele, que é Verbo
a Palavra, está calado. Depois de Seu último grito na cruz – "Por que me abandonaste?" 
–Ele cala no sepulcro agora. Descanse: "tudo está consumado!". 

Vigília Pascal:

Durante o Sábado Santo, a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando 
Sua Paixão e Morte, Sua descida à mansão dos mortos, esperando, na oração e no jejum
Sua Ressurreição. Todos os elementos especiais da vigília querem ressaltar o conteúdo
 fundamental da noite: a Páscoa do Senhor, Sua passagem da morte para a vida.

Bênção do fogo

Fora da Igreja, prepara-se a fogueira. Estando o povo reunido em volta dela, o sacerdote 
abençoa o fogo novo. Em seguida, o Círio Pascal é apresentado ao sacerdote. Com um estilete
o padre faz nele uma cruz, dizendo palavras sobre a eternidade de Cristo.
Assim, ele expressa, com gestos e palavras, toda a doutrina do império de Cristo sobre o cosmos
exposta em São Paulo. Nada escapa da Redenção do Senhor, e tudo – homens
coisas e tempo – estão sob Sua potestade.

Procissão do Círio Pascal

As luzes da igreja devem permanecer apagadas. O diácono toma o Círio e o ergue
por algum tempo, proclamando: "Eis a luz de Cristo!". Todos respondem: "Demos graças a Deus!".
Os fiéis acendem suas velas no fogo do Círio Pascal e entram na igreja. O Círio
que representa o Cristo Ressuscitado, a coluna de fogo e de luz que nos guia pelas 
trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança em procissão. 


Proclamação da Páscoa

O povo permanece em pé com as velas acesas. O presidente da celebração incensa 
o Círio Pascal. Em seguida, a Páscoa é proclamada.
Esse hino de louvor, em primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, a alegria do Céu
 da Terra, da Igreja, da assembleia dos cristãos. Essa alegria procede da vitória de Cristo
 sobre as trevas. Terminada a proclamação, apagam-se as velas.


Liturgia da Palavra

Nesta noite, a comunidade cristã se detém mais que o usual na proclamação da Palavra.
As leituras da vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor chave é a que nos deu 
o próprio Cristo: "E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes 
(aos discípulos de Emaús) o que dele se achava dito em todas as Escrituras" (Lc 24, 27). 


Liturgia Batismal

A noite de Páscoa é o momento que tem mais sentido celebrar os sacramentos 
da iniciação cristã. O sacerdote que preside a celebração, nesta noite, tem a faculdade 
de conferir também a confirmação do batismo, para fazer visível a unidade dos 
sacramentos da iniciação. Se houver batismo, deverão chamar os catecúmenos
que serão apresentados pelos padrinhos à Igreja reunida.


Ladainha de todos os santos

Nós, Igreja peregrina, em profunda comunhão com a Igreja do Céu, reafirmamos nossa 
fé e pedimos a intercessão daqueles que nos precederam na glória do Cristo ressuscitado.


Bênção da água batismal

Durante a oração, o sacerdote mergulha o Círio Pascal na água uma ou três vezes. 
Se houver batismo, cada catecúmeno renuncia ao demônio, faz a profissão de fé e é batizado.
A bênção da água trata-se, sobretudo, de bendizer a Deus por tudo o que Ele fez, por meio 
da água, ao longo da História da Salvação. Neste momento, o padre implora ao Senhor que
hoje, também este sinal atualize o Espírito de vida sobre os batizados.


Renovação das promessas batismais

Após o rito do batismo (se houver) ou da bênção da água, todos, em pé e com as velas acesas
 renovam as promessas do batismo.
Terminada a renovação das promessas, o sacerdote asperge o povo com a água benta
enquanto todos cantam. Neste dia, é omitido o creio; em seguida, é presidida a oração dos fiéis.

Liturgia Eucarística

A Celebração Eucarística é o ápice da Noite Pascoal. É a Eucaristia central de todo o ano
 mais importante que a do Natal ou da Quinta-feira Santa. Cristo, o Senhor Ressuscitado
 nos faz participar de Seu Corpo e de Seu Sangue, como memorial da Sua Páscoa. 
É o ponto mais importante da celebração.

Sexta-feira da Paixão

A tarde da Sexta-feira Santa apresenta o drama incomensurável da morte de Cristo no Calvário. 
A cruz, erguida sobre o mundo, segue de pé como sinal de salvação e esperança. 
Com a Paixão de Jesus, segundo o Evangelho de João, contemplamos o mistério do Crucificado
 com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que o transpassou o lado. 
Há um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da santa cruz
momento em que esta é apresentada solenemente à comunidade.
  Via-sacra 
Ao longo da Quaresma, muitos fiéis realizam a Via-Sacra como uma forma de meditar
 o caminho doloroso que Jesus percorreu até a crucifixão e morte na cruz.
A Igreja nos propõe esta meditação para nos ajudar a rezar e a mergulhar na doação 
e na misericórdia de Jesus que se doou por nós. Em muitas paróquias e comunidades
são realizadas a encenação da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Jesus Cristo 
por meio da meditação das 14 estações da Via-Crúcis.

Lava-pés

O Lava-pés é um ritual litúrgico realizado, durante a celebração da Quinta-feira Santa
quando recorda a última ceia do Senhor.
Jesus, ao lavar os pés dos discípulos, quer demonstrar Seu amor por cada um e mostrar 
a todos que a humildade e o serviço são o centro de Sua mensagem; portanto
esta celebração é a maior explicação para o grande gesto de Jesus, que é a Eucaristia.
O rito do lava-pés não é uma encenação dentro da Missa, mas um gesto litúrgico 
que repete o mesmo gesto de Jesus. O bispo ou o padre, que lava os pés de algumas
 pessoas da comunidade, está imitando Jesus no gesto; não como uma peça de teatro
, mas como compromisso de estar a serviço da comunidade, para que todos
 tenham a salvação, como fez Jesus.

Santos óleos

Uma das cerimônias litúrgicas da Quinta-feira Santa é a bênção dos santos óleos usados 
durante todo o ano pelas paróquias. São três os óleos abençoados nesta celebração:
 o do Crisma, dos Catecúmenos e dos Enfermos.
Ela conta com a presença de bispos e sacerdotes de toda a diocese. 
É um momento de reafirmar o compromisso de servir a Jesus Cristo.
Instituição da Eucaristia
Com a Santa Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde ou na noite da Quinta-feira Santa
a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e faz memória da Última Ceia, quando Jesus
na noite em que foi traído, ofereceu ao Pai o Seu Corpo e Sangue sob as espécies do 
Pão e do Vinho, e os entregou aos apóstolos para que os tomassem, mandando-os 
também oferecer aos seus sucessores.
A palavra "Eucaristia" provém de duas palavras gregas "eu-cháris", que significa
 "ação de graças", e designa a presença real e substancial de Jesus Cristo sob 
as aparências de Pão e Vinho.

Instituição do sacerdócio

A Santa Missa é, então, a celebração da Ceia do Senhor, quando Jesus, num dia como hoje
 véspera de Sua Paixão, "durante a refeição, tomou o pão, benzeu-o, partiu-o 
e o deu aos discípulos, dizendo: 'Tomai e comei, isto é meu corpo'." (cf. Mt 26,26).

 
Procissão do encontro
Em muitas paróquias, especialmente no interior do país, realiza-se a famosa
 "Procissão do Encontro" na Quarta-feira Santa.
Os homens saem, de uma igreja ou local determinado, com a imagem de Nosso Senhor dos Passos
as mulheres saem de outro ponto com Nossa Senhora das Dores. 
Acontece, então, o doloroso encontro entre a Mãe e o Filho. O padre proclama o célebre
 "Sermão das Sete Palavras", fazendo uma reflexão, que chama os fiéis 
à conversão e à penitência.
Domingo de Ramos

O Domingo de Ramos abre, por excelência, a Semana Santa, pois celebra a entrada triunfal 
de Jesus Cristo, em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, a Morte e a Ressurreição.
Este domingo é chamado assim, porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas 
de palmeiras para cobrir o chão por onde o Senhor passaria montado num jumento. Com isso
Ele despertou, nos sacerdotes da época e mestres da Lei, inveja, desconfiança e medo 
de perder o poder. Começa, então, uma trama para condená-Lo à morte.
A liturgia dos ramos não é uma repetição apenas da cena evangélica, mas um sacramento 
da nossa fé, na vitória do Cristo na história, marcada por tantos conflitos e desigualdades. 

Edição: SM

sexta-feira, 27 de março de 2015

A GRANDE SEMANA SE APROXIMA


alt"A Sagrada Escritura, confirmada pela experiência dos séculos, ensina à família humana que o progresso, grande bem para o homem, traz também consigo uma enorme tentação. De fato, quando a hierarquia de valores é alterada e o bem e o mal se misturam, os indivíduos e os grupos consideram somente seus próprios interesses e não o dos outros. Por esse motivo, o mundo deixa de ser o lugar da verdadeira fraternidade, enquanto o aumento do poder da humanidade ameaça destruir o próprio gênero humano. Se alguém pergunta como pode ser vencida essa miserável situação, os cristãos afirmam que todas as atividades humanas, quotidianamente postas em perigo pelo orgulho do homem e o amor desordenado de si mesmo, precisam ser purificadas e levadas à perfeição por meio da cruz e ressurreição de Cristo. Redimido por Cristo e tornado nova criatura no Espírito Santo, o homem pode e deve amar as coisas criadas pelo próprio Deus. Com efeito, recebe-as de Deus; olha-as e respeita-as como dons vindos das mãos de Deus" (Gaudium et Spes 37).
O acontecimento primordial da fé cristã é o Mistério Pascal de Jesus Cristo, em sua Morte e Ressurreição. Acreditamos com toda a força de nossa alma que a vida humana encontra sentido justamente em Cristo. Nele todas as esperanças podem se realizar e todos os esforços pelo bem e pela verdade chegam a porto seguro. Quando professamos a fé, temos a certeza de que Jesus Cristo é caminho, Verdade e Vida para todos. Cabe-nos respeitar as pessoas que têm outras convicções religiosas e existenciais, mas não nos é lícito omitir-nos na proclamação da verdade da fé.
Em torno da Ressurreição de Cristo, toda a prática religiosa cristã se organizou, no correr dos séculos. O dia dos dias é o domingo, pois Jesus venceu a morte, o pecado e a dor no primeiro dia da semana. Assim, para os cristãos esta realidade supera os ciclos naturais, ainda que dias, noites, meses e anos sejam vividos por nós junto com as outras pessoas. Vivemos entre dois polos de tensão, "dependurados" na certeza da Ressurreição e na volta do Senhor, no fim dos tempos, quando Deus for tudo em todos. Por isso a Igreja clama com confiança: "Anunciamos, Senhor, a vossa Morte, proclamamos a vossa Ressurreição! Vinde, Senhor Jesus!"
Do Domingo veio a semana cristã, dele se ampliaram os horizontes celebrativos, para que o mistério de Cristo se faça sempre presente e atual. Do dia da Ressurreição veio a Páscoa anual, celebrada com toda solenidade. Os mistérios da vida de Cristo vieram, pouco a pouco, a ser comemorados, sempre com a Santa Missa, presença e renovação do Sacrifício do Calvário, tudo marcado pela abundante proclamação da Palavra de Deus. As pessoas que escolheram seguir Jesus Cristo e o fizeram com radicalidade, que nós chamamos de santos e santas, são recordadas no dia de sua Páscoa pessoal na morte, o que levou a Igreja a celebrar, também com a Santa Missa, seus exemplos e sua intercessão orante pelos que caminham rumo à pátria definitiva. Nosso calendário é chamado "litúrgico" porque se organiza em torno do único mistério, Jesus Cristo, nosso Salvador, que morreu e ressuscitou para nos salvar. A cada ano, retornamos apenas às mesmas celebrações, mas nos encontramos crescidos e mais amadurecidos na fé, para testemunhá-la mais ainda.
Este deve ser o programa de vida do cristão. Entende-se assim porque nossas famílias incutiram em nós o gosto pelas celebrações da Igreja. Batismo, Primeira Comunhão, Crisma, Matrimônio marcam este ritmo, a que se acrescentam as devoções das famílias, ou as festas de padroeiros, Círios, Coroações, Novenas, Procissões. Parecemos agradavelmente teimosos, sem permitir que outras realidades nos engulam de vez! Olho assim para a realidade amazônica, mas quero ver mais longe, por saber que em todos os quadrantes há cristãos assim dispostos a manter viva, não só a fé, mas também uma sadia influência na cultura do tempo em que vivemos.
Entretanto, nosso calendário católico oferece ao mundo uma semana especial, e estamos às suas portas, chamada santa por causa do Senhor que se faz presente com intensidade, suscitando a conversão aos valores do Evangelho. Chegue a todos o convite da Igreja Católica para a grande missão chamada Semana Santa! Esta semana é grande porque a Palavra de Deus é oferecida com abundância. A Semana é Santa e é grande por causa do mistério de Cristo celebrado na Liturgia a partir do Domingo de Ramos, para chegar ao Tríduo Pascal, de Quinta-feira Santa, ao cair da tarde, até Domingo de Páscoa, tendo seu ponto mais alto na Vigília Pascal na Noite Santa. Não dá para sermos espectadores, pois tudo o que acontece é em vista de nossa vida cristã e de nossa salvação. Quando foi publicado o cartaz da Campanha da Fraternidade de 2015, a figura do Papa Francisco realizando o lava-pés na Semana Santa deixou uma forte impressão em todo o país. O rito não tem nada de teatral, nem mesmo de gestos do passado. É extremamente atual e provocante! E a Sexta-feira Santa traz consigo o chamado ao seguimento de Jesus, para conduzir-nos depois à Páscoa, celebrada em seu coração, da Vigília Pascal para o Domingo.
E que dizer dos grandes sermões pronunciados na Semana Santa? Em nossa Belém, o Sermão das Três Horas da Agonia, com as Sete Palavras de Jesus na Cruz, na Sexta-feira Santa, abre ouvidos e corações a cada ano. Pelas ruas, a Via-Sacra, o Sermão do Encontro, o descendimento da Cruz, tudo se torna anúncio, resposta de fé e vida nova para todos. Além das celebrações litúrgicas e dos grandes sermões, os acontecimentos pascais são também encenados com capricho por uma infinidade de grupos. A Paixão de Cristo é o episódio da história da humanidade mais representada em peças teatrais. Quanta gente já encontrou emoção e conversão assistindo nas praças públicas estes espetáculos.
Permaneça em nós, na grande Semana, o apelo de Santo Atanásio, que vale como convite: "É muito belo passar de uma para outra festa, de uma oração para outra, de uma solenidade para outra solenidade. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado. O Deus que desde o princípio instituiu esta festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte seu próprio Filho, pelo mesmo motivo nos proporciona esta santa solenidade que não tem igual no decurso do ano. Esta festa nos sustenta no meio das aflições. Por ela Deus nos concede a alegria da salvação e nos faz amigos uns dos outros. É este um milagre de sua bondade: congrega nesta festa os que estão longe e reúne na unidade da fé os que, porventura, se encontram fisicamente afastados" (Das Cartas pascais de Santo Atanásio, bispo).
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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL

A RECEITA DO PAPA FRANCISCO PARA FAZER O AMOR DURAR

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O segredo está em entender de que amor estamos falando e em usar três
 palavras mágicas na vida cotidiana do casal.
Hoje em dia existe muito medo de tomar decisões definitivas, como a decasar-se
 pois as pessoas consideram impossível manter o amor vivo ao longo dos anos. 
O Papa Francisco fala deste tema e nos convida a não nos deixarmos vencer pela 
“cultura do provisório”, pois o amor que fundamenta uma família é um amor para sempre.
O que entendemos por “amor”?
Com a sabedoria e a simplicidade que o caracterizam, o Papa Francisco começa com 
um importante esclarecimento sobre o verdadeiro significado do amor, já que, diante do medo do
 “para sempre”, muitos dizem: “Ficaremos juntos enquanto o amor durar”.
Então, ele pergunta: “O que entendemos por ‘amor‘? Só um sentimento, uma condição psicofísica? Certamente, se é assim, não se pode construir nada sólido. Mas se o amor é uma relação
então é uma realidade que cresce, e também podemos dizer, por exemplo, que se constrói 
como uma casa. E a casa é construída em companhia do outro, não sozinhos! 
Não queiram construí-la sobre a areia dos sentimentos, que vão e vêm, mas sim 
sobre a rocha do amor verdadeiro, o amor que vem de Deus.”
“O matrimônio é um trabalho de ourivesaria que se constrói todos os dias ao longo da vida. 
O marido ajuda a esposa a amadurecer como mulher, e a esposa ajuda o marido a 
amadurecer como homem. Os dois crescem em humanidade e esta é a principal 
herança que deixam aos filhos”, acrescenta.

Três palavras mágicas para fazer o casamento durar
O Papa esclarece que o “para sempre” não é só questão de duração. 
“Um casamento não se realiza somente se ele dura, sua qualidade também é importante. 
Estar juntos e saber amar-se para sempre é o desafio dos esposos.”
E fala sobre a convivência matrimonial: “Viver juntos é uma arte, um caminho paciente
bonito e fascinante (…) que tem regras que se podem resumir exatamente naquelas três palavras: 
‘posso?’, ‘obrigado’ e ‘desculpe'”.
“‘Posso?’ é o pedido amável de entrar na vida de alguém com respeito e atenção.
O verdadeiro amor não se impõe com dureza e agressividade. São Francisco dizia: 
‘A cortesia é a irmã da caridade, que apaga o ódio e mantém o amor‘. E hoje, nas nossas famílias
 no nosso mundo amiúde violento e arrogante, faz falta muita cortesia.”
“Obrigado': a gratidão é um sentimento importante. Sabemos agradecer? (…) 
É importante manter viva a consciência de que a outra pessoa é um dom de Deus
e aos dons de Deus diz-se ‘obrigado’. Não é uma palavra amável para usar com os estranhos, para ser educados. É preciso saber dizer ‘obrigado’ para caminhar juntos.”
“‘Desculpe': na vida cometemos muitos erros, enganamo-nos tantas vezes. Todos. 
Daí a necessidade de utilizar esta palavra tão simples: ‘desculpe’. Em geral, cada um de 
nós está disposto a acusar o outro para se desculpar. É um instinto que está na origem 
de tantos desastres. Aprendamos a reconhecer os nossos erros e a pedir desculpa. 
Também assim cresce uma família cristã.”
Finalmente, o Papa acrescenta, com bom humor: “Todos sabemos que não existe uma 
família perfeita, nem o marido ou a mulher perfeitos. Isso sem falar da sogra perfeita…”.
E conclui: “Existimos nós, os pecadores. Jesus, que nos conhece bem, ensina-nos um segredo: 
que um dia não termine nunca sem pedir perdão, sem que a paz volte à casa. Se aprendemos 
a pedir perdão e a perdoar aos outros, o matrimônio durará, seguirá em frente.”

Fonte: Aleteia

segunda-feira, 23 de março de 2015

PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO O QUE É?

 

Algumas pessoas nos perguntam o que é este pecado.
Antes de tudo é preciso entender que não é um pecado como os demais; isto é, um ato:
 roubar, matar, prostituir, adulterar, corromper, mentir, etc.
Trata-se de uma ofensa grave ao próprio Deus na Pessoa do Espírito Santo. 

De que forma?

No §1864 o Catecismo da Igreja explica:
“Aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não terá remissão para sempre. 
Pelo contrário, é culpado de um pecado eterno” (Mc 3,29). A misericórdia de Deus não tem limites
mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento
rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. 
Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna”.
Portanto, o pecado contra o Espírito Santo é o endurecimento do coração. 
Não que a misericórdia de Deus seja insuficiente para amolecer esse coração empedernido
mas é a pessoa que não se abre para acolher o perdão e a misericórdia de Deus. 
É o caso do pecador que não se arrepende dos seus pecados, mesmo tendo consciência deles
sabendo que está errado e agindo deliberadamente contra a vontade de Deus.
Os Evangelhos nos mostram alguns casos de pessoas que endureceram o coração diante de Jesus
 mesmo vendo seus estupendos milagres, deliberadamente não quiseram dar-lhe crédito
e preferiram tramar a sua morte, por conveniência e por inveja.
Um caso marcante é o que São João conta sobre a ressurreição de Lázaro de Betânia.
 Este ressuscitado era a prova cabal da divindade de Jesus; um milagre realizado 
bem perto de Jerusalém, e que muitos judeus presenciaram.

Muitos deles creram em Jesus, como conta S. João:

“Muitos dos judeus, que tinham vindo a Marta e Maria e viram o que Jesus fizera
creram nele” (Jo 11,45).
Mas algumas autoridades judaicas, ao invés de ceder às evidências do milagre
por conveniência, para manter seu “status-quo”, preferiram tramar a morte do Senhor. 
Diz S. João: “Alguns deles, porém, foram aos fariseus e lhes contaram o que Jesus realizara. 
Os pontífices e os fariseus convocaram o conselho e disseram: Que faremos?
 Esse homem multiplica os milagres. Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele
 e os romanos virão e arruinarão a nossa cidade e toda a nação… 
E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida”. (Jo 11, 47s)
E o mais interessante é que as autoridades judaicas procuravam também tirar 
a vida de Lázaro por que ele era a prova do milagre de Jesus.
“Uma grande multidão de judeus veio a saber que Jesus lá estava; e chegou, não somente 
por causa de Jesus, mas ainda para ver Lázaro, que ele ressuscitara.   
Mas os príncipes dos sacerdotes resolveram tirar a vida também a Lázaro
porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus” (Jo 12, 9-11).
Este me parece um caso típico de endurecimento do coração e pecado contra o Espírito Santo.
Outro modo de atentar contra o Espírito Santo é se desesperar da própria salvação
achando que o seu pecado é tão grande que a misericórdia de Deus já não o pode perdoar.
 É o pecado da desesperança. Qualquer pecado por pior que seja pode ser perdoado por Deus 
se a pessoa se arrepende verdadeiramente.
Um belo exemplo disso é São Pedro; depois de negar o Mestre, tristemente, por três vezes, se arrependeu, chorou amargamente, e acreditou no perdão e na misericórdia de Deus. Judas, ao contrário, se desesperou e foi se matar. Ambos pecaram gravemente, mas um se desesperou e o outro confiou no perdão de Deus.

O nosso belo Catecismo diz que:

“Não há pecado algum, por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. 
“Não existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com segurança
 a seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero.” Cristo que morreu por todos 
 os homens, quer que, em sua Igreja, as portas do perdão estejam sempre abertas 
a todo aquele que recua do pecado”. (§982)
Portanto, ninguém pode se desesperar da própria salvação, mesmo que tenha pecado 
gravemente e de muitas maneiras. O Coração Sagrado de Jesus está sempre aberto 
para nos dar a sua misericórdia quando voltamos a ele arrependidos como o filho pródigo.


sexta-feira, 20 de março de 2015

NOVELAS; O VENENO DAS FAMÍLIAS

Certa vez, um amigo chamado Franz Victor, psicólogo já falecido, disse-me que
 “as novelas fazem uma pregação sistemática de antivalores”. Embora isso já faça 
bastante tempo, eu nunca esqueci essa frase. Meu amigo me disse uma grande verdade.

O mal que as novelas fazem

Enquanto a evangelização procura incutir nas pessoas uma vida de acordo com 
os valores do Evangelho, muitas novelas estragam seus telespectadores
incutindo-lhes antivalores cristãos.
As novelas, em sua maioria, exploram as paixões humanas, muito bem espelhadas 
nos chamados pecados capitais – soberba, ganância, luxúria, gula, ira, inveja e preguiça
e faz delas objeto dos seus enredos, estimulando o erro e o pecado, mas de maneira requintada.
Na maioria delas, vemos a exacerbação do sexo, explora-se descaradamente 
este ponto, desvirtuando o seu sentido e o seu uso. Em muitas cenas, podem ser vistos 
casais não casados vivendo a vida sexual, muitas vezes, de maneira explícita
acintosa e provocante. E isso no horário em que as crianças e os jovens estão na sala. 
Aquilo que um casal casado tem direito de viver na sua intimidade, é colocado a público de maneira despudorada, ferindo os bons costumes e os mandamentos de Deus.
Mas tudo isso é apresentado de uma maneira “inteligente”, com uma requintada 
técnica de imagens, som, música e um forte aparato de belas mulheres e rapazes 
que prendem a atenção dos telespectadores e os transforma em verdadeiros viciados. 
Em muitas famílias, já não se faz nada na hora da novela, nem mesmo se dá atenção 
aos que chegam, aos filhos ou aos pais.
Assim, os valores cristãos vão sendo derrubados um a um: a humildade
o desprendimento, a pureza, a continência, a mansidão, a bondade, o perdão
entre outros, vão sendo jogados por terra, mas de maneira homeopática; de forma que
aos poucos, lentamente, para não chocar, os valores morais vão sendo suprimidos. 
Faz-se apologia ao sexo a qualquer instante e sem compromisso familiar ou conjugal
aprova-se e estimula-se a prática homossexual como se fosse algo natural e legítimo
quando o Catecismo da Igreja Católica (CIC) chama a prática homossexual 
de “depravação grave” (CIC §2357).
O roteiro e o enredo dos dramas das novelas são cuidadosamente escolhidos de modo 
a enfocar os assuntos mais ligados às pessoas e às famílias, mas, infelizmente
 a solução dos problemas é apresentada de maneira nada cristã. 
O adultério é, muitas vezes, incentivado de maneira sofisticada e disfarçada
 buscando-se quase sempre “justificar” um triângulo amoroso ou uma traição.
O telespectador é quase sempre envolvido por uma trama em que um terceiro surge 
na vida de um homem ou de uma mulher casados, que já estão em conflito com seus cônjuges. 
A cena é formada de modo que o telespectador seja levado a desejar que o adultério
 se consuma por causa da “maldade” do cônjuge traído.
Assim, a novela vai envolvendo e “fazendo a cabeça” dos cristãos. A consequência disso 
é que elas passaram a ser a grande formadora dos valores e da mentalidade
da maioria das pessoas, de modo que os comportamentos – antes considerados absurdos
agora já não o são, porque as novelas tornaram o pecado “palatável”. O erro vai 
se transformando em algo comum e perdendo a sua conotação de pecado.
Por outro lado, percebe-se que a novela tira o povo da realidade de sua vida difícil
fazendo-o sonhar diante da telinha. Nela, ele é levado a realizar o sonho que 
na vida real jamais terá condições de realizar: grandes viagens aéreas para 
lugares paradisíacos, casas superluxuosas com todo requinte de comidas
bebidas, carros, jóias, vestidos, luxo de toda sorte; fazendas belíssimas 
onde mulheres e rapazes belíssimos têm disputas entre si.
E esses modelos de vida recheados de falsos valores são incutidos na cabeça das pessoas. 
A consequência trágica disso é que a imoralidade prevalece na sociedade
a família é destruída pelos divórcios, traições e adultérios; muitos filhos são 
abandonados pelos pais, carregando uma carência que pode desembocar na tristeza
na depressão, na bebida e até nas coisas piores. 
A banalização do sexo vai produzindo uma geração de mães e pais solteiros que 
mal assumem os filhos. É a destruição da família.
O melhor que se pode fazer é proibir os filhos de acompanhar essas novelas. 
Contudo, os pais precisam ser inteligentes e saber substituí-las por outras 
atividades atraentes. Não basta suprimir a novela, é preciso colocar algo melhor
 em seu lugar. Essa é uma missão urgente para os pais.

Prof. Felipe Aquino

quinta-feira, 12 de março de 2015

CRISTÃO NÃO TEM ESCOLHA: OU AMA OU É UM HIPÓCRITA

Não há “meio-termo” para os cristãos: ou estão com Jesus e seguem o caminho do amor ou são hipócritas

O cristão não tem alternativa: se não se deixa tocar pela misericórdia de Deus e ama o seu próximo, como fazem os santos, acaba por ser um hipócrita que arruína e dispersa, em vez de fazer o bem. Foi o que afirmou o Papa Francisco durante homilia na Casa Santa Marta
nesta quinta-feira, 12.
O Papa explicou que, ao longo dos anos, Deus construiu a história da sua relação com os homens. Mas apesar de seus ensinamentos e ações, a história da salvação foi acidentada com tantas hipocrisias e infidelidade. Deus deu tudo ao homem, lembrou o Papa, mas recebeu em troca apenas coisas ruins. Na Primeira Leitura do dia, aparece a voz de Deus que constata com amargura como o povo eleito, mesmo tendo recebido tantos benefícios, não O tenha escutado.
“Esta é a história de Deus. Parece que Ele chorou aqui: ‘Eu te amei tanto, te dei tanto e você… Tudo contra mim!’. Até mesmo Jesus, olhando para Jerusalém, chora, porque, no coração d’Ele, estava toda essa história onde a fidelidade tinha desaparecido”.
Segundo Francisco, quando o homem faz a própria vontade segue um caminho de endurecimento em que o coração se petrifica e, então, a Palavra de Deus não entra. Dessa forma, o povo se afasta, o que pode acontecer com a vida de cada um. “Hoje, nesse dia quaresmal, podemos nos perguntar: ‘Escuto a voz do Senhor ou faço aquilo que quero, aquilo que me agrada?’”.
De hereges a santos
Do Evangelho do dia, o Pontífice mostrou um exemplo de “coração endurecido”, surdo à voz de Deus. Jesus cura um possuído pelo demônio e em troca recebe uma acusação: “Expulsas o demônio em nome do demônio. Tu és um bruxo demoníaco”. É a típica acusação dos “legalistas”, observou Francisco, que acreditam que a vida seja regulada pelas leis que eles fazem.
“Isso também aconteceu na História da Igreja. Pensem na pobre Joana D’Arc: hoje é santa! Pobrezinha! Esses doutores a queimaram viva, porque diziam que era herege, acusada de heresia, mas eram os doutores, aqueles que conheciam a doutrina certa, os fariseus: distanciados do amor de Deus. Próximo a nós, pensem no Beato Rosmini. Os seus livros não podiam ser lidos, era pecado lê-los. Hoje ele é beato. Na Historia de Deus com o Seu povo, o Senhor mandava os profetas para dizer que amava o Seu povo. Na Igreja, o Senhor manda os santos. São eles que levam adiante a vida da Igreja. Não são os potentes, não são os hipócritas, mas os santos.”
Não existe um meio-termo
Os santos, disse Francisco, são aqueles que não têm medo de se deixar acariciar pela misericórdia de Deus. Por isso, são homens e mulheres que entendem muitas misericórdias, muitas misérias humanas e acompanham o povo de perto. Não desprezam o povo.
“Jesus disse: Quem não está comigo, está contra mim. Não existe um meio-termo, um pouco de lá e um pouco de cá? Não. Ou você está no caminho do amor ou no caminho da hipocrisia. Ou você se deixa amar pela misericórdia de Deus ou faz aquilo que você quer, segundo o seu coração, que se endurece cada vez mais nessa estrada. Quem não está comigo, está contra mim: não existe um meio-termo. Ou você é santo ou caminha em outra estrada. Quem não recolhe comigo, dispersa, arruína. É um corrupto que corrompe”.

sexta-feira, 6 de março de 2015

DEIXAI-VOS SER RECONSTRUIDOS POR CRISTO


altNas voltas que o mundo dá, sucedem-se crises de todo tipo. As pessoas conhecem ciclos diversos, mudanças condicionadas pela idade, situação social, opções feitas no correr da vida. A sociedade conhece também suas etapas e eventuais fases difíceis, como o quadro político e econômico em que nos encontramos, ampliado pelos inúmeros desafios que expressam quase um regresso à barbárie, tamanhos são os fatos violentos que passam diante de nossos olhos a cada dia. A Igreja está mergulhada em nosso mundo, com todos os seus problemas e é chamada a dar a resposta da fé a todos eles, superando o medo que podem provocar. Os cristãos são chamados a serem homens e mulheres de soluções, exercendo a necessária criatividade, que lhes possibilite ser presença qualificada no meio de todas as pessoas de boa vontade.
São João descreve, logo no início do quarto evangelho, uma das visitas de Jesus ao Templo de Jerusalém (Jo 2, 13-25). O espaço destinado a ser casa de oração tinha se transformado em comércio, a prática das leis do Antigo Testamento estava em crise, alguns poucos se faziam donos da religião, a presença invasiva dos romanos corrompia as relações entre as pessoas e, ao mesmo tempo, muitas pessoas mantinham viva a esperança da chegada do Messias prometido. O Templo, que já não era o que foi edificado por Salomão, mas a segunda construção, depois restaurada por Herodes, o Grande, veio a ser efetivamente destruído pela invasão romana, alguns anos mais tarde, restando apenas um espaço sagrado utilizado pelos judeus. Na antiga esplanada do templo, foram posteriormente erguidas duas Mesquitas, lugares de culto dos Muçulmanos. E a Jerusalém de hoje, com todos os conflitos subjacentes à sua organização e governo, abriga judeus, muçulmanos e cristãos. Muitos sonham, e nós também, com uma convivência pacífica das três grandes religiões monoteístas. E de lá para cá, por motivos diversos se destroem templos e monumentos de várias religiões, como temos acompanhado nos últimos dias. Com os edifícios destruídos, também fica comprometida a memória histórica da humanidade!
Não era simples o relacionamento dos judeus com as autoridades romanas e seus prepostos. São Lucas descreve alguns fatos reveladores: "Chegaram algumas pessoas trazendo a Jesus notícias a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando o sangue deles com o dos sacrifícios que ofereciam. Ele lhes respondeu: Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro galileu, por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo" (Lc 13, 1-5). Jesus anuncia e faz acontecer o Reino de Deus no meio de uma sociedade conflitiva, com tensões e revoltas prontas a estourarem a qualquer momento.
Ao Templo de Jerusalém chega o esperado das nações, como nos descrevem os textos evangélicos. No entanto, ele vem de forma diferente, certamente decepcionando os sonhos de confronto e poder de muitos de seus contemporâneos. Sua presença quer conduzir as pessoas do Templo edificado com tanto esforço ao novo Templo, o novo lugar que é Ele mesmo, onde acontece o verdadeiro culto ao Pai do Céu. Jesus não destrói o Templo, antes o respeita profundamente, com palavras duras e fortes: "Tirai daqui essas coisas. Não façais da casa de meu Pai um mercado! Os discípulos se recordaram do que está escrito: O zelo por tua casa me há de devorar" (Jo 2,16-17). Além das lições que nós cristãos podemos aprender com estes fatos, nasça um grande respeito pela religião dos outros, sejam quais forem suas convicções!
Profeticamente, o Senhor anuncia que o Templo será destruído e reconstruído após três dias, pois ele falava a respeito do seu corpo. Depois que Jesus ressuscitou dos mortos, os discípulos se recordaram de que ele tinha dito isso, e creram na Escritura e na palavra que Jesus havia falado (Cf. Jo 2, 21-22). De fato, na força de sua Ressurreição gloriosa, a morte veio a ser vencida e todas as suas manifestações podem ser superadas.
Nós cristãos professamos a fé no Cristo Morto e Ressuscitado. Com a fé, nossa vida tem uma meta a ser alcançada, impedindo-nos de sermos afogados pelos acontecimentos positivos ou negativos. Nosso olhar se volta para a plenitude do amor de Deus, acendendo continuamente a luz da esperança. Com esta fé, passamos pelo mundo fazendo o bem, acreditando que é possível restaurar vidas e superar as muitas dilacerações existentes na sociedade.
Para tanto, somos chamados a algumas atitudes e gestos. Para nós, a maldade não tem a última palavra em quem quer que seja. Olhamos para as pessoas e suas crises pessoais e descobrimos aquela fagulha, para não apagar a chama que fumega, pois no nome de Jesus as nações podem depositar a esperança (Cf. Mt 12,15-21; Is 42,1-4). No dia a dia, não desperdiçamos as oportunidades para tecer novos relacionamentos com as pessoas, aproveitando os eventuais laços que poderiam impedir a caminhada para compor redes de fraternidade. As iniciativas de pessoas e grupos em vista do bem comum encontrarão em nós a disposição para parcerias inteligentes, nas quais cada um pode dar o que sabe e pode. Onde quer que encontremos eventuais restos de edificações destruídas, recolheremos os pedaços para realizar a profecia: "Quando o invocares, o Senhor te atenderá, e ao clamares, ele responderá: Aqui estou! Se, pois, tirares do teu meio toda espécie de opressão, o dedo que acusa e a conversa maligna, se entregares ao faminto o que mais gostarias de comer, matando a fome de um humilhado, então a tua luz brilhará nas trevas, o teu escuro será igual ao meio-dia. O Senhor te guiará todos os dias e vai satisfazer teu apetite, até no meio do deserto. Ele dará a teu corpo nova vida, e serás um jardim bem irrigado, mina d’água que nunca para de correr. E a tua gente reconstruirá as ruínas que pareciam eternas, farás subir os alicerces que atravessaram gerações, serás chamado reparador de brechas, restaurador de caminhos, para que lá se possa morar" (Is 58, 9-12).
Se o sonho parece muito alto, sabemos que nossa fé professa nada menos do que a vitória sobre a morte! Portanto, a esta altura do caminho quaresmal em direção à Páscoa, recomecemos a cada dia a tarefa recebida do Senhor, para reconstruir as eventuais ruínas que encontrarmos.
alt
 
"Reconstruir"
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL

domingo, 1 de março de 2015

SERMÃO SOBRE A QUARESMA


Há muitas batalhas dentro de nós: a carne contra o espírito, o espírito contra a carne. 
Se, na luta, são os desejos da carne que prevalecem, o espírito será vergonhosamente 
rebaixado de sua dignidade própria e isto será uma grande infelicidade, de rei que deveria 
ser, torna-se escravo. Se, ao contrário, o espírito se submete ao seu Senhor
põe sua alegria naquilo que vem do céu, despreza os atrativos das volúpias terrestres
 e impede o pecado de reinar sobre o seu corpo mortal, a razão manterá o cetro que 
lhe é devido de pleno direito, nenhuma ilusão dos maus espíritos poderá derrubar
 seus muros; porque o homem só tem paz verdadeira e a verdadeira liberdade quando
 a carne é regida pelo espírito, seu juiz, e o espírito governado por Deus, seu mestre. 
É, sem dúvida, uma preparação que deve ser feita em todos os tempos: impedir, por uma 
vigilância constante, a aproximação dos espertíssimos inimigos. Mas é preciso 
aperfeiçoar essa vigilância com ainda mais cuidado, e organizá-la com maior zelo
nesta época do ano, quando nossos pérfidos inimigos redobram também a astúcia
 de suas manobras. Eles sabem muito bem que esses são os dias da santa Quaresma 
e que passamos a Quaresma castigando todas as molezas, apagando todas as 
negligências do passado; usam então de todo o poder de sua malícia para induzir 
em alguma impureza aqueles que querem celebrar a santa Páscoa do Senhor
mudar para ocasião de pecado o que deveria ser uma fonte de perdão.

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Meus caros irmãos, entramos na Quaresma, isto é, em uma fidelidade maior 
ao serviço do Senhor. É como se entrássemos em um combate de santidade. 
Então preparemos nossas almas para o combate das tentações e saibamos que 
quanto mais zelosos formos por nossa salvação, mais violentamente seremos atacados 
por nossos adversários. Mas aquele que habita em nós é mais forte do que aquele que 
está contra nós. Nossa força vem d’Aquele em quem pomos nossa confiança. 
Pois se o Senhor se deixou tentar pelo tentador foi para que tivéssemos
com a força de seu socorro, o ensinamento de seu exemplo. Acabaste de ouvi-lo. 
Ele venceu seu adversário com as palavras da lei, não pelo poder de sua força: 
a honra devida a sua humanidade será maior, maior também a punição de seu adversário 
se Ele triunfa sobre o inimigo do gênero humano não como Deus, mas como homem. 
Assim, Ele combateu para que combatêssemos como Ele; Ele venceu para que 
também nós vencêssemos da mesma forma. Pois, meus caríssimos irmãos, não há atos 
de virtude sem a experiência das tentações, a fé sem a provação, o combate 
 sem um inimigo, a vitória sem uma batalha. A vida se passa no meio das emboscadas
no meio dos combates. Se não quisermos ser surpreendidos, é preciso vigiar; se quisermos
 vencer, é preciso lutar. Eis porque Salomão, que era sábio, diz: Meu filho, quando 
entras para o serviço do Senhor, prepara a tua alma para a tentação (Eclo. 2,1). 
Cheio da sabedoria de Deus, sabia que não há fervor sem combate laborioso
prevendo o perigo desses combates, anunciou-os de antemão para que
advertidos dos ataques do tentador, estivéssemos preparados para aparar seus golpes.