É difícil dizer que a minha casa é um lugar “pacífico”: temos cinco filhos,
de 9, 7, 4 e 2 anos, e o caçula com 2 meses. Mas fizemos algumas
mudanças intencionais, há cerca de dois anos, que trouxeram momentos de paz para a nossa vida diária: as crianças
fazem tarefas, cozinham e brincam juntas sem todos aqueles gritos,
ciúmes e rivalidades de irmãos que costumavam atormentar o nosso tempo
juntos.
Mudar o nosso jeito de ser pais foi difícil: a nossa opção inesperada pelo “homeschooling” forçou o meu marido e a mim a sincronizar as nossas “técnicas de paternidade” e a ter objetivos bem claros sobre as nossas escolhas parentais. Com ou sem “homeschooling”, o fato é que cada família precisa de momentos de paz compartilhados por todos. A paz não é um desejo: é uma necessidade. Se a sua família quer conviver bem, com cada um amando os outros, é preciso ensiná-la a viver em paz.
Compartilho por isso os cinco pontos que estão ajudando a nossa família a ter mais paz em casa:
1. A atitude é uma escolha
Eu digo isso o tempo todo, como um disco riscado: "A atitude é uma escolha". Nós ensinamos aos nossos filhos a diferença entre sentimentos e atitude. Você pode até não ser capaz de controlar as suas emoções e sentimentos, mas pode controlar a sua atitude. Nosso menino de 4 anos às vezes não gosta de ver que a irmã ganhou um lanche maior que o dele, mas tem que controlar a atitude e pedir gentilmente para dividir,em vez de arrancá-lo das mãos dela.
Quando eu era médica recém-formada, aprendi a controlar a minha atitude da maneira mais difícil. Um bebê de quem eu tinha passado meses cuidando no hospital faleceu inesperadamente. Passei duas horas com uma equipe de profissionais tentando salvar a vida dele. Mas...o bebê morreu, apesar de todos os esforços. Eu me sentei ao lado da família dele e chorei. Quando aquele momento passou, havia uma longa fila de pacientes esperando por mim.
Cansada e estressada, eu lutei contra as lágrimas e atendi o próximo paciente. Fui impessoal e fiz algum comentário que a família dele achou rude. Eles se queixaram com o meu chefe sobre a minha atitude, o que me deixou em apuros. Aprendi assim a dura verdade: não importa se o meu último paciente morreu; eu tenho que entrar em cada quarto de cada próximo paciente com um sorriso no rosto e com uma atitude positiva. A atitude é uma escolha minha, mesmo quando os meus sentimentos não são.
Se eu não ensinar os meus filhos a controlar a atitude, alguém vai ensinar –e, provavelmente, não do melhor jeito. Às vezes, como forma de disciplina, os meus filhos têm de escrever uma redação para explicar como escolher a melhor atitude. Pode parecer exagero, mas o aprendizado de controlara atitude é fundamental para o sucesso em qualquer trajetória de vida.
Crianças com atitude negativa sofrem para fazer e manter amigos na escola. Adultos com atitude negativa são os primeiros a ser demitidos, não importa o quanto sejam inteligentes, qualificados ou dotados da melhor aparência.
Ah, sim, e eu tenho que controlar a minha atitude em casa, também. Quando não estou alegre, os meus filhos jogam na minha cara: "Mamãe, a atitude é uma escolha!". Eles adoram me dizer isso quando eu fico brava, o que me leva para o ponto nº 2:
2. As palavras podem doer mais do que um tapa
Eu não bato nos meus filhos, mas demorei muito para perceber que poderia machucá-los com as minhas palavras. Já disse a eles coisas que jamais publicaria no meu blog. Eu fazia isso porque funcionava: eles realmente mudavam de comportamento na base do grito. Mas a mudança de comportamento nascida de feridas físicas ou emocionais não é eficaz nem duradoura. Como pais, nós temos que usar palavras ponderadas mesmo quando estamos irritados. Grite menos.Se possível, não grite nunca.
Em vez de se enfurecer, dê nome a cada tipo de comportamento. Nós passamos a indicar o nome de cada sentimento ou postura que percebíamos neles: "isto é inveja", "isto é gula", "isto é paciência", "gentileza", "diligência", "caridade". Foi estranho no início, mas eu adoro, hoje, quando a minha filha de 6 anos avisa ao irmão provocador: "Isso não é caridade!".
Conseguimos bons resultados enfatizando as consequências e deixando os gritos de lado. Se alguém briga, eu só digo: "Isso não é gentileza". E aplico à criança um tempo de “suspensão” da vida familiar:os pequenos vão passar uns bons minutos no banheiro sem poderem brincar; os mais velhos têm que fazer uma redação na qual reflitam por escrito sobre o seu comportamento. Às vezes,damos tarefas extras, fazemos um irmão prestar um serviço ao outro como reparação por tê-lo ofendido ou ressaltamos as consequências naturais de um ato: se algum deles rabiscou a própria roupa, vai continuar tendo que usar aquela roupa.
As palavras grosseiras não são aceitáveis nem entre os irmãos. Não existe esse tipo de “liberdade de expressão” dentro da nossa casa. Eu não acredito naquela história de que "paus e pedras podem quebrar os meus ossos, mas palavras nunca vão me machucar". Machucam, sim.Nós mostramos as consequências de ser grosseiros ou irônicos e pedimos que os nossos filhos pensem no porquê de agir assim. E explicamos a eles, também, que, no mundo fora de casa,existe aquela “liberdade de expressão”que permite dizer coisas desagradáveis, mas que, mesmo assim,eles não precisam necessariamente “bater de volta”. Isto nos leva ao ponto nº 3:
3. Cortar todo tipo de violência física
A rivalidade entre irmãos chegando às vias de fato é uma coisa frequente: irmãos se empurrando beliche abaixo, se atropelado com bicicletas, torcendo o braço um do outro...E é frequente a família rir desses “incidentes”, embora uma perna quebrada simplesmente não tenha graça nenhuma, em particular para a vítima. Um “tapinha” ou um “empurrãozinho”por raiva entre irmãos é violência. Se esse comportamento é ilegal fora de casa, também não é aceitável dentro de casa.
O bullying entre irmãos é um fato real e provoca sofrimento mental e físico real. Um estudo pediátrico de 2013 apontou que as crianças que sofrem comportamentos agressivos de irmãos apresentam índices maiores de distúrbios mentais.
Adote uma política de não tolerância a qualquer tipo de violência física: tapas, chutes, cuspes, mordidas, empurrões, lápis esfregados na pele e qualquer outra forma de agressão que eles puderem imaginar. Nós falamos sobre o comportamento inaceitável e sobre as suas consequências todas as manhãs,em nossa reunião de família, o que me leva ao ponto nº 4:
4. Tenha uma reunião de família todas as manhãs
Grande parte das turmas, do pré-escolar até o ensino médio, tem uma "reunião" ou uma breve sessão de avisos no começo do dia. Por quê? Porque o esclarecimento do que se espera daquele dia evita discussões e maus comportamentos. Quando os nossos filhos estavam na escola, nós tínhamos a nossa "reunião" no carro a caminho das aulas. Agora, como “homeschoolers”, temos as reuniões na sala de estar. Tratamos da programação do dia, definimos as expectativas de comportamento e as consequências do mau comportamento.
Eu digo ao meu filho de 4 anos, por exemplo: "Seu irmão tem aula de piano às 3h30. Se você esperar comigo lendo este livro sem ficar se queixando, vamos construir juntos o dinossauro de Lego quando voltarmos para casa".Também conversamos sobre o que faremos para o jantar e trocamos ideias sobre passeios em família. Quando as crianças aprendem a pensar no futuro, mesmo que num futuro imediato, elas se motivam para fazer bem as tarefas do dia. E isto nos leva ao ponto nº 5:
5. Planeje muitas coisas divertidas
Atividades divertidas são minha “moeda” como mãe,a motivação para incentivar os meus filhos (e a mim mesma) a trabalhar duro. Planeje coisas gostosas para a família todos os dias, mesmo que seja apenas um bom jantar ou 20 minutos para montar brinquedos de Lego antes de dormir. Eu planejo intencionalmente essas coisas, inclusive o jantar. Entre futebol, dança,música e atividades dos escoteiros, é difícil fazer alguma coisa juntos como família se não for planejado. Uma vez por semana, agendamos um passeio em família juntos. Aquela velha frase é verdadeira: família que se diverte unida permanece unida.
Ao estabelece esse “quadro de paz doméstica”, mesmo que nem tudo acabe dando 100% certo, nós proporcionamos aos nossos filhos a disposição e os meios para eles geriremos seus futuros relacionamentos com amigos, família, colegas de trabalho, vizinhos,colaboradores, chefes e figuras de autoridade.
E a sua casa será um mundo mais pacífico e muito mais feliz.
Mudar o nosso jeito de ser pais foi difícil: a nossa opção inesperada pelo “homeschooling” forçou o meu marido e a mim a sincronizar as nossas “técnicas de paternidade” e a ter objetivos bem claros sobre as nossas escolhas parentais. Com ou sem “homeschooling”, o fato é que cada família precisa de momentos de paz compartilhados por todos. A paz não é um desejo: é uma necessidade. Se a sua família quer conviver bem, com cada um amando os outros, é preciso ensiná-la a viver em paz.
Compartilho por isso os cinco pontos que estão ajudando a nossa família a ter mais paz em casa:
1. A atitude é uma escolha
Eu digo isso o tempo todo, como um disco riscado: "A atitude é uma escolha". Nós ensinamos aos nossos filhos a diferença entre sentimentos e atitude. Você pode até não ser capaz de controlar as suas emoções e sentimentos, mas pode controlar a sua atitude. Nosso menino de 4 anos às vezes não gosta de ver que a irmã ganhou um lanche maior que o dele, mas tem que controlar a atitude e pedir gentilmente para dividir,em vez de arrancá-lo das mãos dela.
Quando eu era médica recém-formada, aprendi a controlar a minha atitude da maneira mais difícil. Um bebê de quem eu tinha passado meses cuidando no hospital faleceu inesperadamente. Passei duas horas com uma equipe de profissionais tentando salvar a vida dele. Mas...o bebê morreu, apesar de todos os esforços. Eu me sentei ao lado da família dele e chorei. Quando aquele momento passou, havia uma longa fila de pacientes esperando por mim.
Cansada e estressada, eu lutei contra as lágrimas e atendi o próximo paciente. Fui impessoal e fiz algum comentário que a família dele achou rude. Eles se queixaram com o meu chefe sobre a minha atitude, o que me deixou em apuros. Aprendi assim a dura verdade: não importa se o meu último paciente morreu; eu tenho que entrar em cada quarto de cada próximo paciente com um sorriso no rosto e com uma atitude positiva. A atitude é uma escolha minha, mesmo quando os meus sentimentos não são.
Se eu não ensinar os meus filhos a controlar a atitude, alguém vai ensinar –e, provavelmente, não do melhor jeito. Às vezes, como forma de disciplina, os meus filhos têm de escrever uma redação para explicar como escolher a melhor atitude. Pode parecer exagero, mas o aprendizado de controlara atitude é fundamental para o sucesso em qualquer trajetória de vida.
Crianças com atitude negativa sofrem para fazer e manter amigos na escola. Adultos com atitude negativa são os primeiros a ser demitidos, não importa o quanto sejam inteligentes, qualificados ou dotados da melhor aparência.
Ah, sim, e eu tenho que controlar a minha atitude em casa, também. Quando não estou alegre, os meus filhos jogam na minha cara: "Mamãe, a atitude é uma escolha!". Eles adoram me dizer isso quando eu fico brava, o que me leva para o ponto nº 2:
2. As palavras podem doer mais do que um tapa
Eu não bato nos meus filhos, mas demorei muito para perceber que poderia machucá-los com as minhas palavras. Já disse a eles coisas que jamais publicaria no meu blog. Eu fazia isso porque funcionava: eles realmente mudavam de comportamento na base do grito. Mas a mudança de comportamento nascida de feridas físicas ou emocionais não é eficaz nem duradoura. Como pais, nós temos que usar palavras ponderadas mesmo quando estamos irritados. Grite menos.Se possível, não grite nunca.
Em vez de se enfurecer, dê nome a cada tipo de comportamento. Nós passamos a indicar o nome de cada sentimento ou postura que percebíamos neles: "isto é inveja", "isto é gula", "isto é paciência", "gentileza", "diligência", "caridade". Foi estranho no início, mas eu adoro, hoje, quando a minha filha de 6 anos avisa ao irmão provocador: "Isso não é caridade!".
Conseguimos bons resultados enfatizando as consequências e deixando os gritos de lado. Se alguém briga, eu só digo: "Isso não é gentileza". E aplico à criança um tempo de “suspensão” da vida familiar:os pequenos vão passar uns bons minutos no banheiro sem poderem brincar; os mais velhos têm que fazer uma redação na qual reflitam por escrito sobre o seu comportamento. Às vezes,damos tarefas extras, fazemos um irmão prestar um serviço ao outro como reparação por tê-lo ofendido ou ressaltamos as consequências naturais de um ato: se algum deles rabiscou a própria roupa, vai continuar tendo que usar aquela roupa.
As palavras grosseiras não são aceitáveis nem entre os irmãos. Não existe esse tipo de “liberdade de expressão” dentro da nossa casa. Eu não acredito naquela história de que "paus e pedras podem quebrar os meus ossos, mas palavras nunca vão me machucar". Machucam, sim.Nós mostramos as consequências de ser grosseiros ou irônicos e pedimos que os nossos filhos pensem no porquê de agir assim. E explicamos a eles, também, que, no mundo fora de casa,existe aquela “liberdade de expressão”que permite dizer coisas desagradáveis, mas que, mesmo assim,eles não precisam necessariamente “bater de volta”. Isto nos leva ao ponto nº 3:
3. Cortar todo tipo de violência física
A rivalidade entre irmãos chegando às vias de fato é uma coisa frequente: irmãos se empurrando beliche abaixo, se atropelado com bicicletas, torcendo o braço um do outro...E é frequente a família rir desses “incidentes”, embora uma perna quebrada simplesmente não tenha graça nenhuma, em particular para a vítima. Um “tapinha” ou um “empurrãozinho”por raiva entre irmãos é violência. Se esse comportamento é ilegal fora de casa, também não é aceitável dentro de casa.
O bullying entre irmãos é um fato real e provoca sofrimento mental e físico real. Um estudo pediátrico de 2013 apontou que as crianças que sofrem comportamentos agressivos de irmãos apresentam índices maiores de distúrbios mentais.
Adote uma política de não tolerância a qualquer tipo de violência física: tapas, chutes, cuspes, mordidas, empurrões, lápis esfregados na pele e qualquer outra forma de agressão que eles puderem imaginar. Nós falamos sobre o comportamento inaceitável e sobre as suas consequências todas as manhãs,em nossa reunião de família, o que me leva ao ponto nº 4:
4. Tenha uma reunião de família todas as manhãs
Grande parte das turmas, do pré-escolar até o ensino médio, tem uma "reunião" ou uma breve sessão de avisos no começo do dia. Por quê? Porque o esclarecimento do que se espera daquele dia evita discussões e maus comportamentos. Quando os nossos filhos estavam na escola, nós tínhamos a nossa "reunião" no carro a caminho das aulas. Agora, como “homeschoolers”, temos as reuniões na sala de estar. Tratamos da programação do dia, definimos as expectativas de comportamento e as consequências do mau comportamento.
Eu digo ao meu filho de 4 anos, por exemplo: "Seu irmão tem aula de piano às 3h30. Se você esperar comigo lendo este livro sem ficar se queixando, vamos construir juntos o dinossauro de Lego quando voltarmos para casa".Também conversamos sobre o que faremos para o jantar e trocamos ideias sobre passeios em família. Quando as crianças aprendem a pensar no futuro, mesmo que num futuro imediato, elas se motivam para fazer bem as tarefas do dia. E isto nos leva ao ponto nº 5:
5. Planeje muitas coisas divertidas
Atividades divertidas são minha “moeda” como mãe,a motivação para incentivar os meus filhos (e a mim mesma) a trabalhar duro. Planeje coisas gostosas para a família todos os dias, mesmo que seja apenas um bom jantar ou 20 minutos para montar brinquedos de Lego antes de dormir. Eu planejo intencionalmente essas coisas, inclusive o jantar. Entre futebol, dança,música e atividades dos escoteiros, é difícil fazer alguma coisa juntos como família se não for planejado. Uma vez por semana, agendamos um passeio em família juntos. Aquela velha frase é verdadeira: família que se diverte unida permanece unida.
Ao estabelece esse “quadro de paz doméstica”, mesmo que nem tudo acabe dando 100% certo, nós proporcionamos aos nossos filhos a disposição e os meios para eles geriremos seus futuros relacionamentos com amigos, família, colegas de trabalho, vizinhos,colaboradores, chefes e figuras de autoridade.
E a sua casa será um mundo mais pacífico e muito mais feliz.
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