sábado, 27 de setembro de 2014

BASTA-TE A MINHA GRAÇA!

 
 
É em nossa fraqueza que Deus vem em nosso 
auxilio com a sua graça. Basta-te a minha graça!
São Paulo teve uma experiência impressionante com Jesus.
Ele relata na segunda Carta aos coríntios. Primeiro começa dizendo que
“foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis
que não é permitido a um homem repetir”. Depois, relata o seguinte:
“para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado
um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade.
Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas ele me disse: Basta-te minha graça
porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força.
Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que
habite em mim a força de Cristo”. (2 Cor 12,4-10).

Ninguém sabe ao certo o que era “esse espinho na carne” de São Paulo, mas certamente
era algo que muito o incomodava. Alguns dizem que era uma doença nas vistas
outros dizem que ele tinha contraído malária; enfim, era algo que o fazia sofrer.
O mais interessante é que Paulo pediu a Jesus que retirasse dele esse espinho
mas o Senhor disse: Não! E ele entendeu porquê: para que “a grandeza das revelações
não me levasse ao orgulho”, uma vez que ele tinha sido “arrebatado ao paraíso e
lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir”.
Paulo podia ficar vaidoso, então o Senhor o impedia com o espinho na carne.
Conosco também acontece o mesmo, especialmente quem se destaca.
Certamente cada um de nós tem esse espinho na carne, que pode ser de
fundo físico ou espiritual. Certa vez eu experimentei um espinho desses, na alma
é pior do que no corpo. Sentia-me com uma brasa na alma ou uma flecha no coração.
Roguei também ao Senhor, insistentemente, que me livrasse daquele espinho
mas Ele não me livrou. Então comecei a procurar a causa do Senhor me manter naquela situação.
Deixei minha alma em silêncio, para tentar ouvir a Sua voz.
 

No silêncio da dor da alma, parece que uma voz falava no meu intimo:
“Quanto maior for o sofrimento oferecido a Deus, com amor, mais nós o agradamos
 mais temos méritos diante Dele e mais se apressa a nossa santificação”.
Então entendi que o Senhor providenciava a minha salvação.
Deixava-me naquele purgatório terreno, o tempo que for necessário, para me purificar.
Lembrei-me do Eclesiástico: “prepara a tua alma para a provação, humilha teu coração
espera com paciência, sofre as demoras de Deus, não te perturbes no tempo da infelicidade.
Na dor permanece firme, na humilhação tem paciência. Pois é pelo fogo
que se experimentam o ouro e a prata e os homens agradáveis a Deus
pelo cadinho da humilhação” (Eclo 2,1-6).
E a voz continuava a me dizer: “A prata e o ouro só ficam purificados no fogo
quando começam a refletir neles o Rosto do ourives”.
Entendi que nossa purificação só termina quando o Rosto de Deus brilha em nossa alma
antes as escórias têm de serem queimadas.
Mas, muitas delas não as vemos; e por isso achamos que não as temos, mas Deus as vê
e quer remove-las de nós. Paciência!
São Paulo disse aos romanos que “Deus nos predestinou para sermos
conforme a imagem do Seu Filho” (Rom 8,29). É a meta de Deus para cada filho
ver o Rosto de Jesus em nós. Então, nossa purificação só terminará – como o ouro e a prata
quando Jesus estiver formado em nós. Isto começa aqui e pode ser concluído
na eternidade no Purgatório.
Não desanimemos e nem desesperemos, é uma grande e bela obra de Deus.
 Todos os santos passaram por isso para chegar ao céu. No silêncio da meditação Deus me ensinava
que é na paciência com este espinho na carne que temos a oportunidade de rezar mais.
Como disse João Paulo II, “quanto mais se sofre, mais é necessário rezar”.
Além disso, é uma grande oportunidade de oferecer a dor pelos outros: a saúde e a salvação
dos entes queridos, o sufrágio das almas do Purgatório, as lutas da Igreja
a santificação do clero, etc. É nisso que Deus nos liberta de nós mesmos, de nossos egoísmos
vanglória, apegos desordenados, busca de prazeres, maledicências, iras, invejas…
Entendendo a importância disso, São Paulo disse aos coríntios: “de mim mesmo não me gloriarei
 a não ser das minhas fraquezas. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas
nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo.
Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,5).
É em nossa fraqueza que Deus vem em nosso auxilio com a sua graça.
Basta-te a minha graça! Não entendemos bem porque Ele permite esse espinho em nossa carne
 mas Ele nos conhece e nos ama, sabe qual é o remédio que nossa alma precisa.
É o Médico que deve prescrever o remédio, e não o doente.

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