quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A TIBIEZA ESTA GRANDE INIMIGA


Em alguns períodos difíceis de nossas vidas, enquanto cristãos e cristãs, podemos detectar em nós alguns dos sintomas da tibieza, entre os quais a frieza, a apatia, o desânimo, a insatisfação com Deus e conosco mesmo, a falta de estímulo, do desejo ou da disposição para a oração diária e até mesmo a falta de forças para decidir por algo ou desistir de alguma coisa. Se você está sofrendo deste mal, não se desespere: é uma situação comum na vida dos cristãos, e o único remédio conhecido é infalível:  você precisa de humildade para se reconhecer dependente de Deus, e de persistência para buscá-lo, mesmo que não sinta a sua Presença.

É preciso, em primeiro lugar, tomar consciência da sua condição de necessitado(a) de uma renovação constante do Espírito de Deus em sua vida. A oração constante e a abertura à ação da Graça divina farão de você um homem ou uma mulher fervoroso(a), capacitados pelo Espírito a transbordar no mundo o Amor infinito de Deus.

Uma alma tíbia é uma alma morna, fraca, preguiçosa, desanimada e sem fervor. Esta "doença da alma" traz sérias consequências, - não só para a nossa vida espiritual, mas afeta todas as realidades da nossa existência, em muitos casos até mesmo nossa saúde física. - Essa doença é consequência do pecado e desenvolve-se com facilidade nas almas que são inimigas das renúncias, dos sacrifícios da oração diária. Nos que possuem uma natureza indolente e preguiçosa, a disciplina precisa ser buscada, perseguida, cultivada todos os dias... O fiel precisa persistir no Caminho da santificação, mesmo  (e principalmente) quando lhe parecer impossível.


Mas pouco adianta dizer, simplesmente, que é preciso aplicar à doença da tibieza o remédio da humildade e da persistência. Seria como dizer a um doente que o remédio para ele é a saúde, sendo que é exatamente este o seu problema: a falta de saúde.

No âmago da questão, a verdade mais profunda é que o único remédio contra a tibieza é o Espírito Santo, porque não existe verdadeiro fervor por Deus se não for inflamado pelo Fogo do Espírito. O pecado endurece o coração e torna a pessoa indiferente a Deus. O Espírito nos aponta as raízes do pecado, fortalece-nos para a batalha, fecunda em nós os seus dons, purifica-nos, aquece e inflama o nosso ser.

O Espírito Santo é em nós como o fogo quando se apega à lenha úmida: primeiro a expurga, arrancando-lhe com estalos todas as impurezas, depois a inflama progressivamente, até que se torne toda incandescente e ela mesma se transforme em fogo. Ele, que faz novas todas as coisas, quer fazer fervorosos, animados e ativos as pessoas tíbias.

Concretamente, isto quer dizer que o Espírito Santo nos preserva de cair na tibieza, e se por acaso já nos encontrarmos neste estado, livra-nos dela. É impossível sair da tibieza sem uma intervenção decisiva do Espírito; se tentarmos fazê-lo por nossos próprios esforços, mergulharemos ainda mais no pecado do orgulho.

Olhemos para os Apóstolos antes de Pentecostes: eram tíbios, incapazes de vigiar uma hora, discutindo sobre quem seria o maior, incapazes de entender a Mensagem de Cristo e fugiram diante da ameaça. Depois que o Espírito veio sobre eles, tornaram-se a imagem viva do zelo, do fervor e da coragem. Fervorosos no pregar, no adorar a Deus, no iniciar e organizar as comunidades da Igreja e, enfim, até no sacrificar a vida por Cristo.

Cirilo de Jerusalém escreve: "Os Apóstolos receberam o Fogo que queima os espinhos dos pecados e dá esplendor à alma", e um escritor medieval escreve: "O Paráclito que, em línguas de Fogo, desceu sobre os Apóstolos e os discípulos, desce também sobre nós como fogo: para queimar e destruir a culpa, para purificar a natureza, para consolidar e aperfeiçoar a Graça, para expulsar a preguiça de nossa tibieza e acender em nós o fervor do seu Amor" (Hermann de Runa, Sermões Festivos, 31).

Muitos santos passaram por um longo período de tibieza, mas nenhum deles foi santo sem ter sido transformado pelo poder e ação viva do Espírito Santo:

"Passei nesse mar tempestuoso quase vinte anos, ora caindo ora levantando. Mas levantava-me mal, pois tornava a cair. Tinha tão pouca perfeição que, por assim dizer, nenhuma conta fazia de pecados veniais. Se temia os mortais não era a ponto de me afastar dos perigos. Sei dizer que é uma das vidas mais penosas que se possa imaginar. Nem me alegrava em Deus, nem achava felicidade no mundo. Em meio aos contentamentos mundanos, a lembrança do que devia a Deus me atormentava. Quando estava com Deus, perturbavam-me as afeições do mundo" (Santa Teresa de Jesus, Vida, 8,2).

Quando invocamos o Espírito, clamamos: "Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor", mas às vezes este clamor também é frio, porque fria é a nossa esperança. Com o auxílio da graça, porém, é possível sair da tibieza e passarmos da condição de tíbios frios e temerosos a animados e fervorosos no Espírito.


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