Disse Santo Afonso de Ligório no seu famoso livro A pratica do amor a Jesus Cristo que “muitas de nossas ações, boas em si mesmas, pouco ou nada valerão junto de Deus, porque são feitas para outro fim e não para a glória divina”. E o santo explicou que o amor-próprio é que faz perder todo ou em grande parte o fruto das nossas boas obras. Afirmou ele que até mesmo nos trabalhos mais santos de pregador, confessor, missionário, alguns pouco lucram porque não têm em vista unicamente a Deus, mas a glória do mundo ou a vaidade de aparecei; Isso nos faz lembrar as palavras de Jesus: “Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu” (Mt 6,1).
Essa é a razão pela qual muitos ficam inquietos ao verificar que, após muitas fadigas, fracassaram em seus empreendimentos. E sinal de que não tiveram em vista apenas fazer a vontade de Deus. Quando desempenhamos alguma atividade movidos pelo amor a Deus e aos homens, não nos perturbamos, mesmo que não sejamos bem sucedidos. Se nossa reta intenção for a de agradar a Deus, podemos dizer que alcançamos o fim desejado.
Santo Afonso dá os sinais que nos indicam quando estamos fazendo algo só por amor a Deus: primeiro, não nos perturbamos em caso de fracasso porque sabemos que tudo depende de Deus; segundo, alegramo-nos com o bem que os outros fazem, como se nós mesmos o tivéssemos realizado; terceiro, aceitamos de boa vontade o que a obediência nos pede sem preferência para algum trabalho especial; quarto, não ficamos à espera de louvores nem de aprovações dos outros após cumprir mos o próprio dever; não ficamos tristes se formos criticados ou desaprovados pelos outros e se, por acaso, recebemos, qualquer elogio, não nos envaidecemos, mas afastamos o sentimento de vanglória.
São Paulo explica isso aos cristãos colossenses dizendo:
“Tudo o que fizerdes, fazei de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor” (Cl 3,23-24). É essa pura intenção de fazermos tudo por amor a Deus e para Sua glória que valoriza todos os nossos atos e trabalhos, por menores que sejam. As ações mais comuns como o trabalho, as refeições, o estudo, a prepa ração do almoço, a arrumação da casa, etc., feitas com amor Deus, possuem grande valor. Nesse sentido, é importante aceitarmos de bom grado a atividade que nos cabe realizar, o trabalho que Deus nos dá para executai; Precisamos fazê-lo da melhor maneira possível, de coração, com todo o amor, fazendo-o para Deus e não apenas porque o patrão fiscaliza ou porque ganharemos algum dinheiro. Pouco importa se o Senhor nos coloca em funções honrosas aos olhos dos homens ou em uma atividade obscura e humilde. O que importa é amarmos a Jesus com puro amor, combatendo os desejos do nosso amor próprio que sempre nos quer ver ocupados em obras honrosas.
Em resumo, precisamos com a mesma paz procurar fazer tudo, coisas grandes ou pequenas, agradáveis ou desagradáveis, bastando que agradem a Deus. É preciso que não sejam os escravos do amor-próprio e que saibamos servir a Deus, não apenas conforme o nosso próprio gosto, em tal emprego, em tal lugar, com tais companheiros, em tais circunstâncias, etc. Podemos, enfim, concluir com as palavras de São Paulo: “Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor 10,3). Nossa recompensa será a verdadeira felicidade nesta vida e o céu na outra.
Prof. Felipe Aquino
Fonte: Cléofas.com.br
Imagem: Selso Moraes
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