Não faz mais que alguns meses desde
que me “tornei católica”. Apesar de não gostar muito de usar este termo.
Eu nasci em uma família protestante, cresci sob os ensinamentos do
protestantismo e muitos de meus valores, não só espirituais como também
humanos, dali se formaram. E não, eu não estava me sentindo insatisfeita
no protestantismo ao tomar a decisão de “tornar-me católica”. A
primeira questão que ecoa na mente das pessoas ao ouvirem sobre minha
mudança – pelo menos é a primeira que, em especial aqueles que não têm a
fé católica, sempre me perguntam – e “por que então dar as costas à fé
que sempre fora sua base e repentinamente abraçar uma crença que sempre
esteve fora de sua realidade?”. A resposta para tal pergunta?
Sinceramente eu ainda não sei ao certo, mas é algo que vai além de mim
mesma. É próprio do homem querer justificativas palpáveis, isto é, temos
dificuldades em explicar a nossa fé por nossa própria fé, mas tendemos
sempre a nos prender a fatos. E o início de minha conversão foi marcado
por fatos extraordinários!
Sou
natural da cidade de Contagem, mas há um tempo mudei-me para a cidade
de Ipatinga, onde moro com uma amiga, por sinal, católica. E eu era
cercada de amigos católicos, que a propósito não me chamavam para ir à
missa ou a grupos de oração, mas que me impressionavam, tendo em vista
minha mentalidade protestante, com a vida espiritual exemplar que
levavam. Isso não mudava meu pensamento: eu ainda pregava e vivia o
protestantismo. Durante uma época de minha vida, eu estava me sentindo
sozinha; os problemas vinham aos montes, me via sem saída ou motivos
sequer para sorrir e isso estava refletindo até mesmo na minha saúde
física. Certa noite, a garota que mora comigo estava indo ao grupo de
oração jovem e eu pedi para ir com ela. Vendo o mover do Espírito Santo
naqueles jovens, fiquei... SURPRESA! A Renovação Carismática era algo
que fugia totalmente da imagem até mesmo preconceituosa que eu tinha da
Igreja Católica.
Ao
chegar em casa, fui me deitar. Durante a madrugada, acordei passando
muito mal. E, naquele instante todas as preocupações e problemas pelos
quais eu passava naquele momento vieram à mente e eu chorava muito!
Decidi ir à cozinha procurar por um remédio, mas, antes que eu o
pegasse, fui distraída por um terço que estava sobre a mesa.
Sinceramente, não sei ao certo o porquê de ter tomado tal atitude, mas
ao invés de seguir para a cozinha, eu simplesmente peguei o tal terço e
voltei para a cama. Naquele momento eu me sentia o pior dos seres
humanos, estava arrasada e sem forças até mesmo para dirigir-me a Deus.
Foi quando me lembrei de algo que me disseram quando eu era garota: “A
Mãe de Jesus ora pela gente junto de Deus, e nos ama muito!”. Claro que,
naquela época aquelas palavras não tinham pra mim sentido algum, mas
naquele momento me impeliam a pedir a ajuda daquela Mulher.
Assim,
eu segurava o terço em minhas mãos com toda a força que eu tinha e, em
pensamento, dizia: “Maria, eu não sei como orar pra Senhora. Pra dizer a
verdade eu nem sei se eu deveria orar pra Senhora! Mas uma vez me
disseram que me amava e que sua intercessão tinha poder. Se isso for
mesmo verdade, me ajuda, pois eu não tenho mais ninguém a quem
recorrer.” Nesse instante, uma luz tomou o lugar onde eu estava deitada.
Não uma luz ofuscante, mas uma luz serena, que me acalmava. Envolta por
essa luz, voltei a adormecer. Adormeci no colo de Nossa Senhora, um
colo de Mãe, que eu não tinha desde que a minha mãe terrena se fora para
junto ao Pai Celeste.
Ao
acordar, eu não sentia mais dores, meu espírito não mais estava aflito
como antes e lembro-me de ter pensado que tudo fora um sonho.
Entretanto, percebi que ainda segurava em minha mão aquele terço, o que
comprovava que eu realmente tinha vivido algo sobrenatural naquela
madrugada. Durante todo o dia meditei sobre o que havia acontecido. E eu
NÃO QUERIA MESMO acreditar no que ocorreu.
Por
ser um domingo, ao chegar a noite, fui ao culto de minha antiga igreja.
Qual não foi a minha surpresa ao perceber que eu não mais me encaixava
ali, que ali não era mais meu lugar. Ao sair da igreja, liguei para um
de meus muitos amigos católicos (que, por sinal, escolhi para ser meu
padrinho) e contei-lhe o que me havia acontecido. Ele ficara maravilhado
e naquele instante eu percebi a dimensão do milagre que estava
acontecendo em minha vida.
Durante
certo período, silenciei-me e não compartilhei o que estava acontecendo
com mais ninguém – católico ou evangélico. Creio que, desde ali a
Santíssima Mãe já me ensinava a ser um pouco como Ela. Costumo dizer que
eu tentei não ser católica. Procurava de toda forma alguma
justificativa, algo que tirasse essa ideia maluca da cabeça: li os
livros que estavam na Bíblia Católica e que a protestante não continha,
estudei através da liturgia, do catecismo, de documentos da Igreja,
procurei direcionamento com um pastor e depois com um padre... Tudo a
procura de uma “falha” ou algo que pudesse me fazer mudar de ideia. E
concluí que, quanto mais eu conhecia da Santa Igreja, mais eu me
encantava. Depois de muito lutar contra isso, um dia eu disse, com
profundo amor e imensa alegria: EU SOU MESMO CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA!
Meu
período pós-conversão foi também – como está sendo até hoje – bem
conturbado. Enfrentar críticas, preconceitos e pré-julgamentos daqueles
que você mais ama, não é lá uma tarefa muito fácil. Mas pela Graça
Divina e pela Intercessão Misericordiosa de Nossa Senhora, tenho
vencido! As pessoas, ou grande maioria delas, acreditam hoje na minha
real conversão, pararam de dizer que “a Maynara desviou, saiu da igreja
ou deve estar levando uma vida errada”. Quanto àquelas que ainda têm
esse pensamento, eu rezo por elas. E, através de meu testemunho, percebo
que Deus tem renovado vidas, avivado a fé de muitas pessoas! Espero que
a vida de você que lê esse texto seja também tocada. Porque a ciência
disso vale a pena qualquer adversidade pela qual eu passe.
PAZ E BEM!
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