segunda-feira, 16 de maio de 2016

Ei, Católicos, vocês adoram imagens!


<a href="http://www.shutterstock.com/en/pic.mhtml?id=75257152&src=id" target="_blank" />Virgin Mary</a> © Thaagoon / Shutterstock
Nem cheirar, nem matar, nem traficar, nem roubar 
doce de criancinha; o pecado mais atiça a sanha dos 
nossos irmãos evangélicos é a idolatria. E, nesse 
ponto, quase todos os católicos vivem sendo “crenticados”.
A estratégia dos nossos acusadores é a da tijolada: 
pegam uma passagem da Bíblia, tiram ela do seu 
contexto e a lançam na nossa cabeça, sem dó. 
Neste caso, o tijolo, isto é, o texto que usam 
como arma para atacar a nossa fé é o seguinte:

 “Não terás outros deuses diante de minha face. 
Não farás para ti escultura, nem figura alguma 
do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre 
a terra, ou nas águas, debaixo da terra. 
Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto.” 
(Ex 20,3-5)

 De fato, o texto não deixa margem para dúvidas: 
prestar culto a imagens de santos, como nós católicos 
fazemos, seria realmente um pecado gravíssimo…  
na época do Antigo Testamento
A proibição era, então, absolutamente necessária, 
mas perdeu o seu sentido quando o Velho 
deu lugar ao Novo Testamento.

 Explico: o povo que vivenciou o Êxodo era, em 
grande parte, idólatra. A crença no Deus de Abraão, 
Isaac e Jacó não os imunizou da influência religiosa 
dos demais povos. Assim, o culto aos ídolos 
– primeiramente o bezerro de ouro, e depois os baals 
– era uma fonte de frequentes aborrecimentos e 
decepções para o Senhor.

 Por isso, havia o grande risco de os hebreus 
perceberem o Deus da Aliança como mais 
um deus, o que deus estava “em alta” 
no momento, e não como O Deus, Único e Verdadeiro. 
Javé precisava deixar claro o abismo que havia 
entre os ídolos e Ele: Ele não é produto da mente 
humana, nem tampouco a Sua doutrina. 
Ele é o Deus que se revelou, Ele é Aquele que É 
(“Eu Sou Aquele que Sou” – Ex,3-14). 
Os ídolos, por sua vez, eram patéticos e 
impotentes objetos de pau, metal ou pedra, que 
representavam esquemas religiosos e doutrinas 
criadas pela imaginação humana.

 Assim, foi preciso tomar uma medida educativa
proibir que o povo fizesse qualquer imagem do Senhor
para deixar claro que Ele não era mais um deus 
inventado moldado por mãos humanas. 
Ademais, ninguém conhecia o Seu rosto, e 
nenhuma imagem poderia ficar à altura da 
Sua imensa glória:
“No dia em que o SENHOR vos falou do meio do 
fogo no Horeb, não vistes figura alguma. 
Guardai-vos bem de corromper-vos, fazendo 
figuras de ídolos de qualquer tipo.” (Dt 4, 15-16)

 
Entendida a razão que originou da proibição do culto 
às imagens? Então, passemos à segunda parte da história…
“Jingle Bells, jingle Bells!…”.  
Deus finalmente nos mostrou a Sua face
Todo o poder, o amor, a beleza, a misericórdia 
e a força Deus sem rosto e sem nome cabiam 
agora no corpo de um Menino. Os olhos dos 
homens finalmente podiam contemplar a FIGURA 
do Criador: “Quem Me vê, vê também Aquele que 
Me enviou” (Jo 12,45).

 Talvez o nariz ou os olhos fossem parecidos 
com os de Sua Mãe. Talvez. Mas o certo que os 
traços do rosto de Jesus não seriam jamais 
esquecidos ou ignorados pelos cristãos 
da comunidade primitiva. 
As paredes das catacumbas estão lá, para 
quem quiser e puder ver: pinturas de santos 
– inclusive de Maria, ó que pecado! 
– e personagens bíblicos para todo o lado.

 Assim, não podemos compreender a Bíblia 
sem considerar a Tradição da Igreja, que, desde 
os primeiros séculos, entendeu que os ícones que 
 representavam o Senhor, Maria e os santos 
exprimiam de forma legítima a fé e a esperança 
do nosso povo. Não custa lembrar o óbvio: 
a proibição do culto às imagens está diretamente 
relacionada ao combate à adoração de outros deuses. 
Por isso, o mandamento que condena a idolatria 
não se aplica no caso das imagens católicas, já que 
estas nos remetem à glória do próprio Cristo. 
Os ícones católicos nos testemunham sobre a vida 
de personagens reais e históricos (e não imaginários
como os ídolos), que dedicaram sua vida ao Senhor.

 A relação dos católicos com as imagens de 
Jesus e dos santos é comparável à que qualquer 
pessoa tem com a fotografia das pessoas amadas
Quando olhamos a imagem de alguém importante 
para nós, a afeição se projeta; trazemos as fotos 
com carinho na carteira, colocamos em um canto 
de destaque na sala, beijamos o papel inerte 
quando a saudade aperta… E ninguém
por mais imbecil que seja, faria algum 
comentário infeliz aludindo a “idolatria”.


Pra encerrar, digo que este post não tem 
o objetivo de fornecer munição para que você,
católico, possa se justificar quando te “crenticarem”. 
Não vale a pena gastar a saliva (a não ser nos raros 
casos em que há a possibilidade de um diálogo 
honesto e objetivo). O papo aqui é mesmo para 
nos ajudar a compreender as raízes da nossa 
própria identidade. Assim, sabendo quem nós 
somos e porque nós somos, nos tornamos mais capazes 
de viver a nossa fé de forma alegre, livre e consciente.

Por isso, se alguém vier lhe chamar de idólatra, não discuta
Manda o cara falar com a sua mão. 

A Segunda parte continua aqui:
http://ocatequista.com.br/archives/13732

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