sexta-feira, 16 de novembro de 2012

APÓSTOLOS DE ONTEM E DE AGORA

VERDADEIROS HOMENS DE DEUS


Quem ler e prestar atenção na biografia dos primeiros apóstolos de Jesus e seus companheiros, encontrará homens pobres que entenderam que deveriam ser pobres. Não levaram vantagem pessoal alguma da sua adesão ao Cristo, exceto as vantagens da missão e da espiritualidade. Ganharam o seu cento por um de paz e de felicidade. Mas deixaram tudo para segui-lo. Não gozavam de conforto e de status. Promoviam os outros e preocupavam-se com os pobres, as viúvas e os deserdados.

Uma leitura mais atenta mostra um jovem rico que desejou seguir Jesus, mas não teve capacidade de fazê-lo, porque tinha muitos bens e não conseguiria viver sem eles. Jesus não o condenou, apenas disse que é difícil esse tipo de pessoa entender o reino dos céus. Se aprofundarmos nossas leituras, veremos um homem chamado Barnabé que não era dos doze, mas foi considerado apóstolo pelo volume de serviços que prestou à Igreja. Tanto que, na liturgia dos católicos, a missa em memória de São Barnabé é a missa dos apóstolos e a prece litúrgica o chama de apóstolo.

A Igreja não teve apenas doze apóstolos, houve outros, mas todos eram pobres. Não enriqueceram com a sua pregação. Hoje, 2000 anos depois, encontramos inúmeros, incontáveis apóstolos e discípulos de Jesus que não enriqueceram e não pretendem enriquecer com a pregação do Evangelho. Não lhes entra na cabeça enriquecer com o exercício de levar a palavra de Deus. O que entra no caixa é para todos. Tiram seu sustento da sua pregação e nada mais do que isso. São milhões. Felizmente, a imensa maioria.

Mas, no decurso dos séculos, houve sempre a história deste ou daquele pregador que enriqueceu com o título de evangelizador e com a sua pregação, a ponto de ter palácios, quintas e até pequenos burgos no seu próprio nome. Os proventos iam para ele e seus parentes.

Repete-se hoje o que aconteceu na baixa e alta idade média: homens que se declaram apóstolos e servidores do povo e que aceitam o título de “homens de Deus” e que pregam e praticam altíssima compensação monetária pelo seu altíssimo e dedicado trabalho. Voltamos ao confronto entre o pregador pobre, sem ambições financeiras e o pregador que enriqueceu anunciando o Evangelho.

 O debate durará enquanto existirem Igrejas e pregadores e os fiéis terão que decidir se concordam ou se discordam e a qual deles darão mais crédito. Se valerem as bem aventuranças propostas por Jesus, a vida que os apóstolos viveram e a vida que Jesus viveu, os fieis de todas as Igrejas terão o que questionar. E todos os pregadores terão o que explicar, porque pecado todo mundo tem. E a coisa mais fácil do mundo é mostrar que o outro é incoerente em outra coisa e, então, tudo fica por isso mesmo.

Se devemos questionar os que enriqueceram à custa da política, precisamos questionar os que ficaram ricos à custa do púlpito. Se não fizermos isso por medo das consequências, a história nos acusará por termos permitido a vitória do marketing e das finanças sobre a fé. 

Por Padre Zezinho
Elaboração de texto e imagem: Selso Moraes


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