sábado, 17 de maio de 2014

RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA E O DESEJO CONSTANTE DE UM NOVO PENTECOSTES

O Papa João XXIII e o desejo de um Novo Pentecostes

Uma oração do Papa João XXIII, proferida no início do Concílio Vaticano II, costuma vir à mente de muitos daqueles que têm refletido a explosão da Renovação Carismática Católica, ocorrida em 1967. Veem-na como uma providencial resposta ao pedido de um novo Pentecostes, feito pelo Supremo Pontífice nesta oração: "Renova os teus milagres neste nosso dia, como em um novo Pentecostes. Permita que tua Igreja, unida em pensamento e firme em oração com Maria, a Mãe de Jesus, e guiada pelo abençoado Pedro, possa prosseguir na construção do reino do nosso Divino Salvador, reino de verdade e de justiça, reino do amor e da paz. Amém".
O que teria em mente o Papa João XXIII, quando assim orou por um novo Pentecostes? O que ansiava ele, naquela ocasião? E de onde viria esse desejo? Desde o primeiro Pentecostes, que marca o nascimento da nossa Igreja, o Espírito Santo vem atuando, continuamente, através dos séculos. Durante esse tempo, o Senhor suscitou grandes santos, homens e mulheres plenos do Espírito Santo, que se revelaram possuidores de dons carismáticos extraordinários. Já existiram no passado comunidades de católicos fiéis que experimentaram a presença do Espírito Santo, atuando no meio delas, como ocorria nos primórdios da nossa Igreja. O Papa João XXIII estava bem consciente deste fato, quando implorou ao Espírito Santo que renovasse os seus sinais e os seus milagres, neste nosso dia. Ele sabia que a experiência vívida de Pentecostes era possível, pois ele mesmo a havia visto com seus próprios olhos.

Uma Aldeia Plena do Espírito Santo

O Bispo Angelo Roncalli, futuro Papa João XXIII, costumava visitar uma pequena aldeia de trezentos habitantes, situada na Tchecoslováquia, onde residia uma querida amiga minha, a senhora Anne Mariea Schmidt. Todos os católicos daquela aldeia vinham experimentando durante séculos toda a gama de dádivas carismáticas, tais como são narradas na primeira epístola aos Coríntios 12,4. Para eles, isso fazia parte da sua vida cristã normal. Pentecostes era, ali, uma realidade diária...
Anne Mariea pôs-me a par das circunstâncias dentro das quais se efetuaram as primeiras manifestações de dons carismáticos, ocorridas no século XI. Quando os habitantes da aldeia se viam em risco de morrer de fome, em consequência da onda de frio que lhes arruinou as colheitas, eles decidiram orar a Deus, pedindo a sua intercessão. Uma senhora de belas feições, que não se identificou nem disse de onde vinha, apareceu na montanha e ensinou-Ihes como implorar o Espírito Santo. À medida que iam seguindo as suas instruções, eles todos receberam, plenamente, o Espírito Santo e os variados dons carismáticos, tais como o do discernimento, o da profecia e o das línguas. Eles também experimentaram o crescimento das graças santificantes do Espírito Santo, principalmente, a do amor. Naquele inverno, o pão foi cozido com farinha sagrada, e as suas provisões duraram, milagrosamente, até à colheita seguinte.
As dádivas carismáticas do Espírito Santo manifestaram-se a sucessivas gerações de habitantes da aldeia. Eles não tiveram consciência de quão rara era a sua experiência carismática, que não se repetia nas demais aldeias, das quais a sua era distante e bastante isolada. AnneMariea descreve o quanto eram eficazes o poder da oração e a presença do amor de Deus, tão fortes que dispensava a necessidade de prisões e de hospitais. Quando alguém adoecia, a vila inteira se unificava na oração até que viesse a esperada cura divina.
As famílias recebiam com regozijo os novos filhos que chegavam; não havia divórcio. Reinavam a paz e o amor. A missa dominical era a gloriosa celebração da presença de Jesus no meio da comunidade, e era seguida pela partilha entre todos da comida que tinham e do seu sentimento de irmandade. A Bíblia era lida nos lares, e as crianças eram ensinadas a viver sob o poder do Espírito Santo.
Foi dentro desse ambiente absolutamente carismático que chegou, um dia, em visita o Bispo Roncalli, lá pela década de 1930. Ele foi recebido, alegremente, como um pai espiritual. Anne Mariea, que, naquela época era uma criança, recorda-se dele como um padre imbuído do amor de Cristo. Ela gostava muito de sentar-se a seus pés e escutá-lo, falando sobre Jesus. Ele parecia inteiramente à vontade, quando rezava juntamente com sua família e as outras da aldeia, no meio das manifestações dos dons carismáticos.
Quando eu perguntei a Anne Mariea, se ela achava que a oração do Papa João XXIII pedindo um novo Pentecostes havia sido inspirada pelas suas visitas àquela aldeia, ela respondeu que seria presunção sua chegar a essa conclusão. Anne Mariea acredita que este anseio por um novo Pentecostes já havia nascido no coração do padre Roncalli, muito antes da sua primeira visita a eles. Ele tinha completa consciência do que é possível alcançar, quando nos voltamos para Deus com o cora¬ção humilde e reconciliados pelo arrependimento, e imploramos ao Espírito Santo para atuar em nosso meio.
A descrição do Bispo Angelo Roncalli feita por Anne Mariea é confirmada por muitas outras pessoas. Hoje, não há dúvida de que o Papa João XXIII é amplamente considerado uma das personalidades mais carismáticas deste século. Ele foi descrito pelo Cardeal Suenens Como "Um homem completamente dócil para com o Espírito Santo, um homem que, inteiramente libertado de si mesmo, seguia o caminho indicado pelo Espírito Santo".
Nos anos 30, foi profetizado que a aldeia de Anne Mariea seria submetida a um duro teste com o objetivo de esvaziá-la de seus habitantes, mas que se estes permanecessem firmes, durante a provação, haveria alegria. Esta profecia consumou-se no ano de 1938, quando chegaram as tropas nazistas e mataram quase todos os habitantes. O poder do Espírito Santo os sustentou, e nem uma só pessoa renunciou a sua fé. Eu sou grata a Deus por ter poupado a vida da senhora AnneMariea Schmidt, que conseguiu sobreviver à prisão em campos de concentração nazistas e russos, e que me autorizou a divulgar esta parcela do seu impressionante testemunho. 
(Fonte: Livro Como um novo Pentecostes - Ed. Louva a Deus)

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