sábado, 25 de junho de 2016

COMO SUPERAR AS FAZES DO LUTO



Ninguém está preparado para perder o outro, mas
viver bem as fases do luto é indispensável

Para lidar com essa situação, a falecida psiquiatra suíça Elisabeth Kubler-Ross pesquisou sobre esse
tema e descreveu cinco fases do processo de luto.

A reação psíquica determinada pela experiência da morte (perda) foi descrita por Elisabeth Kübler-Ross
em seu livro ‘Sobre a morte e o morrer’, no qual explica que esses estágios nem sempre ocorrem na
mesma ordem, nem todos são experimentados pelas pessoas.
Ela afirmou que uma pessoa sempre apresentará, pelo menos, duas dessas fases.
São elas:

1) Negação
Surge na primeira fase do luto. É o momento em que nos parece impossível a perda, quando não somos
capazes de acreditar nela. A dor da perda é tão grande, que parece não ser possível nem real.
A negação é uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acabe negando o problema, tentando
encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade, seja da morte de um ente querido ou
da perda de algo importante. É comum que a pessoa também não queira falar sobre o assunto.

Nessa fase, a pessoa nega a existência do problema ou da situação. Pode não acreditar na informação que está
recebendo, tenta esquecê-la, não pensar nela ou ainda busca provas ou argumentos de que o fato não é real.
“Isso não é verdade!”
“Vai passar”
“Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também”.

A pessoa continua se comportando como antes (ignorando a situação), não consegue aderir ao tratamento
(no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).

2) Raiva
A raiva surge depois da negação. Mesmo assim, apesar da perda já consumada, negamo-nos a acreditar nela.
É quando surge o pensamento: “Por que comigo?”. É comum que surjam, nessa fase, sentimentos de inveja
e raiva quando qualquer palavra de conforto nos parece falsa, custando acreditar na sua veracidade.
Nessa fase, a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorreu. É comum o aparecimento de emoções como
revolta inveja e ressentimento. Geralmente, essas emoções são projetadas no ambiente externo, percebendo
o mundo os outros e Deus como causadores de seu sofrimento. A pessoa se sente inconformada e vê a situação
como uma injustiça.
“Isso não é justo!”
“Por que fizeram isso comigo?”

Ela perde a calma quando fala sobre o assunto, evita o tema e se recusa a ouvir conselhos.

3) Negociação
A negociação surge quando o indivíduo começa a encarar a hipótese da perda e, diante disso, tenta
negociar para que esta não seja verdade. Ele busca fazer algum tipo de acordo, de maneira que as coisas
possam voltar a ser como eram antes. Essa negociação, geralmente, acontece dentro do próprio indivíduo
ou, às vezes voltada para a religiosidade. As negociações com Deus são normalmente sob forma de promessas
ou sacrifícios, pactos e outros similares, são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo.
No caso de uma traição, a pessoa buscar agradar o outro.

“Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, terei uma vida saudável.”
“Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem.”
“Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”
“Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (pessoa ao saber que está doente)
“Vou mudar minhas atitudes, meu comportamento, e tudo se resolverá”.

4) Depressão
A depressão surge quando o indivíduo toma consciência de que a perda é inevitável e incontornável.
Ele sente o “espaço” vazio da pessoa (ou coisa) que perdeu e percebe que não há como escapar da perda.
Toma consciência de que nunca mais verá aquela pessoa (ou coisa); e com o desaparecimento dela, todos
os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor.
Nessa fase, ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções
bastante comuns. É o momento em que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento.
A pessoa se retira para seu mundo interno, isolando-se, sentindo-se melancólica e impotente diante da situação.

“Não tenho capacidade para lidar com isso.”
“Nunca mais as coisas ficarão bem.”
“Eu me odeio.”

Afastar-se das pessoas e comportar-se de maneira autodestrutiva são situações comuns nessa fase.

5) Aceitação
Última fase do luto. É quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero
ou negação. Nessa fase, o espaço vazio deixado pela perda é preenchido. É um período que
depende muito da capacidade da pessoa de mudar a perspectiva e preencher o vazio.
Voltando-se para a religiosidade, para a fé ou a ajuda de um profissional num processo de
psicoterapia.Nessa fase, percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas.
As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com
consciência das suas possibilidades e limitações.

Não é o fim do mundo.”
“Posso superar isso.”
“Posso aprender com isso e melhorar.”

Ela busca ajuda para resolver a situação, conversar com outros sobre o assunto e consegue
planejar estratégias para lidar com a questão.

É importante entender que:
As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase
mas depois, retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas sem ter avanços por um longo período
ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Porém, sabe-se que
comumente a fase mais longa é da depressão para a aceitação.
Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e das crenças que ela tem sobre si mesma e sobre
a situação em questão. Existem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à
aceitação nunca. Outras, em poucas horas ou dias, fazem todo o processo. Isso varia também em função
da perda sofrida.

“Ninguém está preparado para perder o outro; é normal não conseguirmos nos desapegar.
Temos a tendência de ficarmos presos em uma relação mesmo quando não a queremos mais.
A única saída, então, é ter coragem enfrentar os desafios que virão e avaliar honestamente nossos
sentimentos e emoções.”

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