domingo, 30 de agosto de 2015

EXISTE REENCARNAÇÃO?


Em uma primeira impressão, parece que a reencarnação responde a algumas 
perguntas existenciais do ser humano, como o motivo do sofrimento e as 
desigualdades entre as pessoas. 
Textos bíblicos descontextualizados são usados para defender essa crença, como, por exemplo
Mt 17, 10-13, quando os judeus julgaram ser João Batista uma forma de retorno de Elias. 
Porém, um estudo mais profundo de textos como esse mostra a inconsistência dessa afirmação. 
Em Jo 1,21, João Batista nega veementemente ser Elias. Ademais, na Transfiguração (cf. Mt 17,3)
João Batista já tinha morrido; nesse caso, quem deveria ter aparecido não era Elias, mas João Batista.
Fenômenos psicológicos como a paramnésia (quando a pessoa tem a impressão de já ter vivido
uma determinada situação) e a “terapia de vidas passadas”, também são usados como argumento
 a favor da reencarnação. No entanto, especialistas explicam facilmente esses fenômenos
no campo da psicologia e psiquiatria.

Na verdade, a reencarnação se choca frontalmente com o Cristianismo, porque centra 
a salvação do homem nele mesmo, negando a salvação por meio de Jesus Cristo e a misericórdia 
do Pai com o mal do homem. Na reencarnação, o homem é seu próprio salvador, pagando pelos 
seus males em outras existências. Se todo mal deve ser autor redimido por sofrimentos, à pessoa de 
má índole, que praticou muitas maldades, só resta o desespero de saber que terá de pagar 
implacavelmente por tudo isso. Talvez essa crença, para aqueles que se acham puros, seja interessante
mas para aqueles que se sabem devedores do bem, só resta a angústia. Por isso, a reencarnação 
coloca em xeque a misericórdia de Deus, que perdoa e redime o mal do homem, tantas vezes pregada 
e testemunhada por Jesus, como o perdão de Jesus, a promessa do Paraíso imediato ao ladrão 
arrependido (cf. Lc 23,43) e o perdão do pai dado ao filho pecador na parábola do 
“Filho Pródigo” (cf. Lc 15, 11-32).

A reencarnação coloca a bela e complexa existência humana sob as leis quase mecânicas 
e implacáveis do Karma. Embora, aparentemente bem montada, duas contradições 
nessa teoria me parecem chamar à atenção. Após milhares de anos de gerações humanas
era de se esperar que o mundo estivesse bem evoluído. Ao contrário, embora a humanidade 
avance a passo largos no campo científico, no campo humano e espiritual, nos últimos 100 anos 
decaiu desastrosamente. Testemunham isso os massacres e assassinatos de centenas de milhões 
de pessoas pelas guerras e ideologias do séc. XX, a violência, a ganância individualista pós-moderna 
e as atuais leis contra a vida e a família disseminadas pelo mundo. Outra contradição está em 
que, se o sofrimentotem o valor intrínseco (independente da liberdade da pessoa) de purificar 
e redimir, então, não se deveria ajudar e atenuar os sofrimentos das pessoas, que estão sendo 
preparadas para novas existências mais felizes. A caridade com os pobres e sofredores passa 
a ser um bem para quem o faz (porque o purifica), mas um mal para quem o recebe.

Com a reencarnação, dogmas cristãos tão claramente expressos na Sagrada Escritura não
 têm sentido, como a vida e o juízo após a morte (cf. Mt 13, 24-30; 13, 37-40; Lc 14, 16-24
Mt 25, 1-12; Mt 25, 33-46, dentre tantas outras) e a ressurreição da carne, tão enfatizada por 
São Paulo, como por exemplo, em 1Cor 15. Talvez o texto bíblico que mais contradiga 
a reencarnação seja Hb 9,27, em que se lê: “Está determinado que os homens morram uma só vez
e depois vem o julgamento”.
Embora pareça dar respostas, a reencarnação usa de premissas gratuitas, como a que todo 
o homem começa a existir em condições físicas e psíquicas iguais. Ela tem uma visão pessimista 
da matéria como cárcere ou sepulcro da alma. Ao contrário, o Cristianismo tem uma visão
positiva da matéria, tida como criatura de Deus e parte integrante do ser humano.
Muitos reencarnacionistas apregoam que o Cristianismo, em sua origem, acreditava nessa
crença e que se trata de um princípio religioso muito antigo. Essas são outras declarações
gratuitas e sem fundamento.

Os cristãos sempre acreditaram na ressurreição; a Bíblia e a Tradição cristã 
estão repletas dessa verdade. Tampouco o grande escritor eclesiástico, Orígenes
acreditava na reencarnaçãocomo dizem alguns deles. Na verdade, ele acreditava que as almas
pré-existiam, mas não que se reencarnavam. Quanto à antiguidade da reencarnação e sua
unanimidade entre as religiões
é importante esclarecer que essa crença só aparece no hinduísmo após o séc. VII a.C. 
e antigas religiões chinesas (taoísmo e confucionismo), egípcias e da Pérsia não acreditavam nela.
Em tempos de Nova Era, ocultismos e espiritualismos apregoados por filmes, novelas, autores
de autoajuda etc, muitos cristãos pouco esclarecidos acabam por aceitar ideias reencarnacionistas. 
Não sabem, no entanto, que, aceitando a reencarnação, deixam de ser cristãos, porque
negam o significado essencial de Cristo na vida do homem, a verdade fundamental de nossa
fé pregada pelos apóstolos desde o início: “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do
céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4,12).

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